Após muitas especulações, se sucedeu aquilo que muitos já desconfiavam e que sempre esteve no horizonte de possibilidades, uma aproximação conjuntural entre Lula e FHC (um dos principais ideólogos do Golpe de Estado de 2016). Em nome do combate a um “mal maior” que é o Bolsonarismo, Lula – uma figura de proa da política brasileira com alta identificação das camadas mais populares posou ao lado de Fernando Henrique Cardoso – um dos maiores responsáveis pela atual situação brasileira quando este participou ativamente na declaração de Guerra dos neoliberais contra a classe assalariada do Brasil a partir do criminoso e amplamente denunciado Golpe de Estado de 2016. A atitude sugere um diálogo entre campos em conflito para supostamente fechar questão em torno da derrota do Bolsonarismo.
Esta é uma postura errada. Há uma interpretação equivocada aqui do que de fato seria o fenômeno do Bolsonarismo. Muitos alegam que o Bolsonarismo é um fenômeno “excepcional”, um acidente de percurso, um raio no céu azul ou um infortúnio do destino que agora exigiria “união” para ser derrotado e superado. O que não se leva em consideração aqui é que para muitos brasileiros existe a total falta de compreensão do que aconteceu no Brasil. Os Neoliberais (dentre os quais FHC é um dos grandes representantes) não são diferentes dos Bolsonaristas naquilo que há de essencial. O Bolsonarismo é uma variante da política dos Neoliberais. Os Neoliberais que aplicaram o Golpe de Estado de 2016 e que apoiaram ativamente a eleição de Bolsonaro em 2018 continuam a apoiá-lo por debaixo da espessa poeira do conturbado cenário brasileiro. O problema está no fato do Bolsonarismo não ter a mesma capacidade de dissimular um regime minimamente discreto para dar continuidade ao programa agressivo do Ultra Neoliberalismo. Diante disso, há um impasse entre os Neoliberais, substituir o regime antes que a agressividade do Bolsonarismo crie instabilidades fatais não somente ao regime Bolsonarista mas ao programa Ultra liberal de conjunto – esta é a preocupação maior. O que os Neoliberais querem não é precisamente salvar o Brasil do Neofascismo mas preservar o ambiente político para não desgastar por completo a rota que o regime tomou a partir do Golpe de Estado de 2016. Diante da fraqueza do Bolsonarismo em dissimular uma “paz social ilusória” enquanto o país é saqueado e as condições de vida degringolam, a Burguesia manobra no sentido de descomprimir o ambiente antes que a coisa descontrole por completo.
Aqui vale ressaltar um dado importante: o Golpe de Estado de 2016 não foi conduzido contra um partido em particular. Foi muito mais do que isso, a manobra do Golpe foi uma ofensiva contra a população brasileira de conjunto – sobretudo a classe assalariada – para que um novo projeto de país fosse empurrado à margem da legalidade e da legitimidade. Há a necessidade quase que fisiológica do Grande Capital em aplicar uma duríssima reforma ultra neoliberal para garantir sobrevida ao moribundo sistema do Capital, um sistema em crise terminal. Não se consegue atingir este objetivo com políticas de conciliação de classes como proposto por partidos como Partido dos Trabalhadores e similares. A Burguesia sabe que precisa aplicar a política da terra arrasada porém no campo das ilusões políticas (alienação) calibrar na dose e não colocar em risco os detentores dos Meios de Produção.
Não se tem a ideia aqui de que Lula seria um indivíduo capaz de radicalizar o país – aliás isso nunca foi a característica de Lula – que sempre foi um negociador que transita entre o Mundo da burguesia e da classe trabalhadora. Entretanto Lula é um veículo agregador de tensões no interior da sociedade e por esta característica é reativo às demandas de quem ele representa, as camadas mais pauperizadas da população que são as maiores vítimas e o alvo final do Golpe Neoliberal de 2016 e seus efeitos expandidos. As bases do PT precisam radicalizar à esquerda! O futuro é do enfrentamento e não da conciliação, esta última está completamente descartada pela própria Ordem do Capital. Toda e qualquer tentativa de diálogo levada adiante pela Burguesia na atualidade, seja aqui ou em nível internacional não passa de uma manobra diversionista. É necessário compreender que o século XXI em diante será marcado pelo acirramento da luta de classes em meio ao Colapso do sistema econômico de conjunto. Isso não é uma questão de opinião, mas uma realidade incontornável.
Dilma
maio 29, 2021 at 11:13 pmNão faltam motivos para afastar essa hiena miliciana genocida e chefe de quadrilha, o que falta e moral, a esse Congresso com a maioria de bandidos e ao Judiciário. Todos cinicamente se prestando a serem cúmplices desses assassinatos de mais de 400.000 pessoas.