Enquanto se sabe que Bolsonaro montou esquema que destina verba de R$ 3 bilhões em emendas para sua base, e que parte dela comprou tratores com preço até 259% acima do valor real, imediatamente faz-se um paralelo com a quantidade de vacinas que poderia ser comprada e, consequentemente quantas vidas poderiam ser salvas, pois essa montanha de dinheiro daria para comprar 50 milhões de doses de vacinas.
Isso também explica a fidelidade canina a Bolsonaro do senador Ciro Nogueira (PP) na CPI da Covid. O senador é um dos mais destacados comandantes da tropa de choque de Bolsonaro na Comissão.
Por isso mesmo Ciro Nogueira recebeu R$ 135 milhões para distribuir com sua base. Já o senador Fernando Bezerra, que também é da alta patente da tropa de choque de Bolsonaro na CPI, recebeu a bagatela de R$ 125 milhões e ninguém menos que Arthur Lira, presidente da Câmara, o homem que pode colocar na mesa o pedido de impeachment de Bolsonaro, levou a mixaria de R$ 114 milhões.
Lembrando aqui que Ciro Nogueira, na semana passada, garantiu a banqueiros e empresários ligados a Bolsonaro, que a CPI não daria em nada, mesmo que se provasse um bonde de crimes de responsabilidade de Bolsonaro e que Lira mataria todos os pedidos de impeachment no peito.
Somente essas três figuras já explicam como Bolsonaro se sustenta no poder, mesmo depois de suas ações, ou a falta delas, resultarem na morte de mais de 420 mil brasileiros por covid.
Na verdade, os dois senadores, Fernando Bezerra e Ciro Nogueira, não têm condição moral para seguirem participando da Comissão Parlamentar de Inquérito que apura as graves irregularidades de Bolsonaro na pandemia.
Arthur Lira deveria renunciar à presidência da casa, pois Bolsonaro já comprou sua defesa intransigente contra qualquer pedido de impeachment. Detalhe, Bolsonaro já é o recordista mundial de pedidos de impeachment.
Esse escândalo só coloca mais lenha na fogueira da CPI, porque com R$ 3 bilhões o Brasil já teria vacinado 50 milhões de pessoas com a primeira dose ou 25 milhões com as duas doses.
Agora é esperar para saber como essa bomba vai cair no Senado na próxima terça-feira.
*Carlos Henrique Machado Freitas