A ideia central das denúncias de Fabio Wajngarten à Veja é a mesma da facada de Adélio, mudou somente a estética pela simples defesa de Bolsonaro feita pelo genial ex-chefe da Secom, cheio de amabilidades no momento em que ele, do nada, às vésperas da CPI, resolve puxar a brasa a favor de Bolsonaro e com o apito na boca assinala que todas as atrocidades cometidas pelo ministério da Saúde foram uma ação deliberada de Pazuello.
Qual é o intuito de uma xaropada como essa do tamanho natural da farsa da facada de Adélio?
Para ficar mais bela e poética essa farsa, no mesmo dia da publicação da Veja, Bolsonaro blindou Pazuello e seu principal secretário com voz imperial do senhor das terras cabrálias. A isso se pode chamar de um clássico trash de uma farsa que tenta subornar a inteligência alheia.
E tanta asneira colossal encomendada pelo Palácio do Planalto que o escultor do trelelê estava mais preocupado em poupar Bolsonaro diante da opinião pública do que propriamente assinar a sentença de Pazuello.
Esse jogo supostamente de equilíbrio perfeito deixaria estática a CPI, pois a presepada joga a culpa em Pazuello, em última análise, e livra a cara de Bolsonaro dizendo, inclusive com detalhes, que não houve qualquer deslize do genocida, ao mesmo tempo em que, protegido pelo cargo, o general Pazuello não seria preso por estar blindado pelo figurino da Secretaria Geral do Exército.
Trocando em miúdos, Pazuello vira o aspone do alto escalão do governo com um padrão supremo que lhe dá foro privilegiado, pelo menos é isso que está bastante claro na saracoteada de Fabio Wajngarten no palco da Veja.
Se a Veja faz parte da farsa, ninguém sabe, mas também ninguém duvida, pois histórico pra isso é o que não falta na revistona, dependendo apenas de combinar o preço do repuxo cômico.
Uma coisa é certa, quem inventou de riscar esse caminho de boi com um conjunto de fios soltos, como foi a facada sem sangue e sem faca do Adélio, não possui talento suficiente para criar um enredo minimamente plausível.
Mas convenhamos, isso não deixa de ser um monte de capim para alimentar o cada vez mais restrito gado de Bolsonaro, pois só compra esse chulé como verdadeiro a assombrosa burrice dos bolsominions.
*Carlos Henrique Machado Freitas