- Greca ao cancelar a distribuição de alimentos aos pobres teria dito: “Que comam brioches!”
O prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), marcou um golaço contra nesta semana ao propor à Câmara uma multa para quem distribuir comida aos pobres.
Entidades ligadas à igreja católica e ao MTS (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra), durante da pandemia, vêm distribuindo quentinhas no centro da cidade para as populações vulneráveis.
A proposta de Greca consiste na aplicação de multa entre R$ 150 e R$ 250 para quem “distribuir alimentos em desacordo com os horários, datas e locais autorizados pelo Município de Curitiba” para a população em situação de rua.
O Ministério Público e a repercussão negativa fizeram o projeto ficar congelado, por ora.
O deputado estadual Goura Nataraj (PDT) disse que não faz sentido restringir e dificultar a distribuição de alimentos, burocratizando e inviabilizando doações de alimentos. “Assinamos a carta de diversos movimentos contra a medida e estamos em contato direto com vereadores para evitar este retrocesso.”
O pedetista declarou que em meio à pandemia e sem o auxílio emergencial, cresce a fome no Brasil. “Em vez de apoiar as instituições que têm atendido grande parte das pessoas em situação de rua, Rafael Greca encaminhou à Câmara de Curitiba um projeto de lei em regime de urgência pra proibir e multar estas organizações”, criticou.
“CANALHA! Rafael Greca, prefeito de Curitiba, enviou projeto de lei para multar em até R$550 quem distribuir comida à população em situação de rua. Dá pra pensar algo mais desumano?”, disparou Guilherme Boulos (PSOL), líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
Em 2016, durante a eleição à Prefeitura de Curitiba, um ato falho de Greca lhe tirou da vitória no primeiro turno ao dizer que vomitou com o mal cheiro de um pobre.
“Coordenei o albergue Casa dos Pobres S. João Batista, durante 20 anos, mas eu nunca cuidei dos pobres. Eu não sou São Francisco de Assis. Até porque a primeira vez que tentei carregar um pobre no meu carro eu vomitei por causa do cheiro”, disse na época o supersincero Greca.
A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, disse que diante da fome na pandemia a mobilização pela doação de alimentos cresce a cada dia, mas isso não comove Rafael Greca, prefeito de Curitiba, que, segunda ela, “teve o desplante de enviar à Câmara projeto para punir entidades que distribuem comida à população de rua”. “Está na linha do genocida”, criticou.
Para o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), líder da Minoria na Câmara, a atitude de Greca foi “covarde” e pediu que os vereadores curitibanos barrem a proposta.
O frei Leonardo Boff afirmou que Rafael Greca foi desumano, cruel e sem piedade em sua atitude de enviar o tal projeto de lei à Câmara da capital paranaense.
“O que o prefeito de Curitiba anunciou é cruel, criminalizar a solidariedade é triste, em um momento de crise econômica, onde a miséria e a fome batem a porta dos que perderam emprego e renda por conta da pandemia”, opinou o deputado federal Enio Verri (PT-PR).
Enquanto proíbe ONGs e igrejas de distribuírem alimentos aos pobres em situação de rua, em Curitiba, o prefeito Rafael Greca descreveu nas redes sociais a sua mesa no café da manhã:
“Em casa, figos frescos trazem à mesa memórias do sol do verão, que começa a terminar. Chá verde harmonizado com gengibre e flores de laranjeira. Broa de centeio com gosto de Curitiba. Geléia de laranja azeda, receita de nossas avós. Margarita ilumina a manhã com radioso carinho. O perfume do seu café napolitano inunda a sala”, descreveu o prefeito curitibano em um posto no dia 6 de março.
Segundo seus críticos nas redes sociais, Greca ao cancelar a distribuição de alimentos aos pobres teria dito: “Que comam brioches!”
Acuado com a repercussão da medida higienista, Rafael Greca jurou que foi mal interpretado.
“É uma Lei da Rede de Proteção Social da Cidade mal interpretada por gente ruim. Defendo a Segurança Alimentar e Nutricional dos desvalidos e vulneráveis, com Vigilância Sanitária”, afirmou nas redes sociais.