Em nota, porém, Palácio do Planalto ressalta que aquisição de medicamentos do kit é de responsabilidade de estados e municípios.
Diante da escassez de medicamentos do chamado “kit intubação”, o governo federal informou nesta segunda-feira (22) que vai reunir representantes da indústria para pedir ajuda durante o pior momento da pandemia de Covid-19 no Brasil.
Hospitais e associações médicas alertaram o governo para a queda no estoque de analgésicos, sedativos e bloqueadores musculares usados para a intubação de pacientes em UTIs, que pode durar apenas mais 15 dias no Brasil.
No domingo (21), a Folha mostrou que diplomatas brasileiros em embaixadas e consulados no exterior receberam mensagem do Itamaraty pedindo para que tentem obter fornecimento, “com máxima urgência”, de uma série de medicamentos do kit intubação.
Em nota divulgada pela Secretaria Especial de Comunicação do Social no início da manhã, o governo informou que promoverá encontros nesta segunda e na terça-feira (23) “para alerta e pedido de auxílio, efetivo nas soluções emergenciais elaboradas com o intuito de salvar vidas”.
O Palácio do Planalto disse no comunicado que a aquisição dos medicamentos do kit intubação é responsabilidade de estados e municípios, mas que o Ministério da Saúde monitora, desde o ano passado, a disponibilidade em todo o país, alimentando indústrias e distribuidores com informações para que as Unidades da Federação façam requisições.
O governo informou na nota que, ao longo do fim de semana, realizou reuniões de avaliação dos números de cada estado e que algumas estratégias foram estabelecidas: requisição de estoques excedentes das indústrias não comprometidos em contratos anteriores, aquisições internacionais via Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), incremento da requisição de informações para harmonização de estoques e distribuição e pregões eletrônicos nacionais, possibilitando a adesão dos estados.
De acordo com o Planalto, é justamente para buscar a implementação dessas ações que o governo quer reunir os representantes das indústrias de medicamentos no início desta semana.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem sido cobrado em diversas frentes ações efetivas para o combate da pandemia. O Brasil vive o pior momento da pandemia, com recorde de mortes e escassez de leitos, medicamentos e vacinas.
Mais de 500 economistas, banqueiros e empresários do país assinaram e divulgaram no domingo uma carta aberta em que pedem medidas mais eficazes para o combate à pandemia do novo coronavírus. Em um texto com vários dados, o grupo chama a atenção para o atual momento crítico da pandemia e de seus riscos para o país, e também detalha medidas que podem contribuir para aliviar o que consideram um grave cenário.
Na quarta-feira (24), Bolsonaro pretende reunir-se com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), como um primeiro passo para a criação de um comitê de enfrentamento à Covid-19, reunindo representantes do Executivo, Legislativo e Judiciário.
O apelidado gabinete de emergência discutiria, em encontros mensais, medidas para serem adotadas em conjunto no combate à pandemia.
A criação do comitê é considerada por deputados e senadores como a última chance dada pelo Congresso a Bolsonaro para mudar de postura e parar de criticar medidas de distanciamento social. Ela ocorre após o presidente ter escanteado o centrão na escolha do substituto do general Eduardo Pazuello no comando do Ministério da Saúde.
Além disso, com um aceno de conciliação, Bolsonaro tenta evitar a instalação de uma CPI no Senado para investigar ações e omissões do governo durante a pandemia. Os partidos do centrão reforçaram a pressão após a morte do senador Major Olímpio (PSL-SP), vítima da Covid.
*Com informações da Folha