Crise de ingovernabilidade à vista: caminhamos para uma Guerra Civil?

Crise de ingovernabilidade à vista: caminhamos para uma Guerra Civil?

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É completamente irreal imaginar que a situação do Brasil tende à estabilização. As condições impostas ao país já nas manobras criminosas que resultaram no Golpe de Estado de 2016 chacoalharam a situação nacional de uma forma tamanha que seria apenas uma questão de tempo para que uma gravíssima crise de ingovernabilidade se instalasse no país – em especial se considerarmos que o câmbio de regime se deu para implantar um mega esquema de superexploração intensiva dos recursos, ativos e força de trabalho no país e impulsionar propositalmente um atraso político, econômico e cultural ao Brasil, ou seja, o desmantelamento do Brasil é um projeto muito bem estruturado que irradia de fora do país para dentro.

O que muitas pessoas insistem em não compreender é que o Brasil assim como diversos outros países não são “ilhas isoladas”. A maior parte dos países está inserida na perigosa “teia de aranha” global da Economia capitalista. Desta forma, com ajuda de traidores e bois-de-piranha locais selecionados à dedo (Sérgio Moro é um exemplo célebre) são jogados à cova de leões sem ao menos o direito de compreender exatamente o que se passa. Em geral é comum muitos não entenderem como se processa o desenvolvimento desigual e combinado no sistema Capitalista na lógica planetária atual. Desafogar a Crise do sistema em países como o Brasil é uma determinação de bancos, instituições financeiras e estados desenvolvidos que mobilizam e terceirizam figuras regionais com capilaridade econômica, militar ou judicial para empurrar suas crises regionais nos países mais vulneráveis do Terceiro Mundo. O objetivo é impedir que a Crise estoure lá, por isso os países historicamente vulneráveis são o grande alvo dessas manobras.

A busca pelo desmantelamento e colapso do Brasil é uma dinâmica da própria Crise do Capital que a partir dos anos de 2010 entrou numa espiral crítica de descontrole. O Brasil é vítima de uma insana guerra híbrida capaz de provocar uma verdadeira regressão civilizacional. O governo de Jair Bolsonaro já é um sintoma disso. A própria eleição de Bolsonaro em 2018 – realizada na base de manobras judiciais ilegais com o objetivo de eliminar adversários políticos ao projeto do Golpe de 2016 – é uma consequência direta de uma doença deflagrada muito antes, nas manifestações que a própria Direita e suas think tanks impulsionaram e que deram o caldo cultural necessário para mergulhar o país na lama.

A atual crise política no governo Bolsonaro era totalmente contabilizada e esperada – muito antes até da Pandemia. Quem achava ser possível uma figura caricata e mentalmente desequilibrada como Bolsonaro poderia trazer “a paz e o progresso” ao Brasil? Somente alguém que esteja muito fora da realidade; ou seja, uma boa parcela da população brasileira que nunca teve acesso a qualquer avaliação sofisticada de política na vida. A população brasileira é uma vítima de uma brutal guerra de desinformação. A ideia esdrúxula de que a “Lava Jato” combatia a corrupção no país seduziu muitos brasileiros vulneráveis a retóricas sedutoras de cunho moral. Houve quem acreditasse que a corrupção no Brasil estava sendo combatida, vejam vocês o nível de cegueira! Por desconhecerem a correlação de forças da sociedade ao longo da História e na atualidade, a população embarca facilmente em manobras criminosas como as que foram levadas adiante no Brasil e que hoje respondem por boa parte da brutal crise que o país atravessa em meio a uma das mais mortíferas Pandemias da História. Uma grande tragédia! E o problema vai muito além de um único indivíduo. Em geral, a discussão política vulgar no Brasil descamba para indivíduos específicos e não forças sociais.

As forças sociais que impulsionaram Bolsonaro estão ocultas e não aparecem nas redes e muito menos na grande Imprensa. Ademais, não se trata de um problema psicológico de alguém, a tragédia brasileira é ser vítima de uma guerra econômica. É importante salientar que a condição das elites econômicas para permitir que Bolsonaro assumisse a presidência da República era nomear um Calígula insano da Economia chamado Paulo Guedes que não sente nenhuma pena em massacrar economicamente a população usando o cargo de ministro da Economia como arma. Um genocídio contra a população é levado adiante bem diante de nossos olhos e pouco se fala em Paulo Guedes. O fiador da destruição do país está completamente incólume.

O que podemos esperar? Dificilmente um quadro de tamanha degradação tem um desfecho pacífico. Quem conhece a História da Humanidade sabe que os ingredientes da pólvora se avolumam a cada dia mais e a qualquer momento pode explodir. O resultado é um colapso sistêmico do país que caminha a passos largos para uma Guerra Civil cuja dinâmica ainda é totalmente imprevisível.

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