Se já havia um anúncio explícito e bem desenhado por Gregory Meeks, novo presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, de que Bolsonaro vai enfrentar uma amarga e implacável oposição do governo Biden, sua solitária solidariedade a Trump, na fracassada tentativa de golpe com a invasão ao Congresso americano, que já conta com quatro mortes, 14 policiais feridos, sendo um em estado grave, e um número cada vez maior de vândalos golpistas presos, certamente, transformou-se na gota d’água para ser considerado persona non grata pelo presidente que assume a liderança do país norte-americano no próximo dia 20.
Até Netanyahu, um dos mais fieis parceiros de Trump, tirou o cavalo da chuva ácida e picou a mula. Mas saiu atirando em Trump, dizendo ser inaceitável o que ocorreu no Congresso sob o seu comando.
Trump viu a debandada não só de ex-aliados do partido Republicano, como, praticamente, um pedido coletivo de demissão dos principais cargos da Casa Branca, além de uma posição extremamente dura adota pelo seu vice, Mike Pence contra seus devaneios golpistas.
Ou seja, o isolamento de Trump terá peso proporcional ao isolamento que Bolsonaro, com certeza, sofrerá da Casa Branca a partir do dia 20 de janeiro.
Sua atitude diante do que o mundo já sabe sobre sua subserviência tanto a Trump quanto a Steve Bannon, somado ao apoio que Trump recebeu de políticos ligados a Bolsonaro e outros que fazem parte da órbita do gabinete do ódio, certamente, estão sendo filmados pela administração Biden.
O custo dessa aventura tresloucada do Trump Paraguaçu será amargo.
Ainda é cedo para afirmar o que acontecerá com Trump, mas tudo indica que a fatura da lambança golpista não será pequena para que este não use esse episódio para estimular o crescimento de um possível trumpismo que conta com celerados dementes e figuras bisonhas do submundo da sociedade americana.
Há muita coisa em jogo, sobretudo no que diz respeito à economia americana que abala a credibilidade da sua democracia e é unânime na imprensa e no próprio universo político dos EUA que uma resposta dura terá que ser dada a esse episódio criminoso, pois, do contrário, o país pagará caro por essa cicatriz deixada por Trump na sua saída da Casa Branca.
E não há dúvidas, Bolsonaro será incluído no pacote de retaliação que, com certeza, virá.
A conferir.
*Carlos Henrique Machado Freitas