Por muito anos, o PT foi o esteio da esquerda, a imagem máxima do maior partido de esquerda do planeta, em termos de número de militantes. É óbvio que independente da ascensão de uma nova realidade política menos bolsonarista e mais amorfa, traz uma nova realidade que vai além do próprio PT e toca em toda a esquerda.
O PSOL, por exemplo, que saiu de forma rancorosa das fileiras das diversas frente que compunham o PT, se mostra mais maduro e finalmente com uma liderança politicamente viável e com o pé no barro. Nesse sentido, o PT errou em não aglutinar em sua casa uma liderança que se apresenta como sucessor natural do discurso do ex-presidente Lula, que é Guilherme Boulos. O ingresso de Boulos no PSOL, se deu pela forma loteada como o PT lida com sua base e com o surgimento de novas lideranças. Jilmar Tatto percebeu isso e publicou de forma certeira a necessidade de diálogo franco com os demais partidos do espectro da esquerda.
Antes do PT sair derrotado nas urnas, ele emplacou diversos segundos turnos em diversas capitais. Em números totais, mostrou que ainda é um partido perfeitamente viável ao retorno ao poder central, em breve. Já o bolsonarismo saiu falido das eleições deste ano, a direita clássica também não pode comemorar muito, o PSDB se entrincheirou no “tucanistão” e não passa disso.
O segundo turno em São Paulo, mostrou que uma frente ampla de esquerda pode ocorrer em torno de um nome que seja consensual e Boulos pode ser esse nome, inclusive para 2022. Parece estranho afirmar? Talvez não, o único candidato que conseguiu ter apoio de todos os setores da esquerda, rachando, inclusive o PSB de São Paulo, entre os que ficaram com Márcio França e os que defenderam a frente, foi Guilherme Boulos. Não é pouco, para quem mostrou que São Paulo sai dividida entre 60% e 40%, dos que simpatizam com a nova liderança do PSOL.
Como modelo de 2022, 2020 mostra que haverá uma eleição absolutamente fragmentada e quem se unir mais rápido, poderá levar um candidato ao segundo turno. Bolsonaro, provavelmente será o outro candidato lá. Então, se o PT, pela primeira vez dialogar de igual para igual com os demais partidos de esquerda, haverá uma frente ampla que emplacará o segundo turno com chances reais de afastar o fascismo e o pragmatismo do Centrão, do poder. Por isso Tatto publicou:
Nós temos que ir nos preparando pra 2022 e n abandonar a perspectiva de uma frente democrática e popular no Brasil. Precisamos abrir um diálogo franco com Ciro, com PSB, PSOL, PCdoB e setores do MDB para discutirmos um candidato para 2022 de uma forma muito transparente e aberta.
— Jilmar Tatto (@jilmartatto) November 30, 2020
E ele tem grande razão em sua colocação.