Quem acompanhou a programação do Globonews nesta quinta-feira (29), observou que hora nenhuma os comentaristas se posicionaram contra o decreto de Bolsonaro de privatização do SUS, porque é disso que se trata, por mais colorida que seja a forma com que essa proposta se apresente.
As observações sobre o decreto foram colocadas de forma dúbia pela Globo, dizendo que não é hora de debater isso, mas que não é uma má ideia e que as OSs já fazem isso e que muitas delas apresentam excelente resultado.
Por outro lado, em menos de 24 horas, Bolsonaro suspende o decreto, Paulo Guedes diz que nunca pensou em privatizar o SUS, mas Bolsonaro deixa a porta entreaberta dizendo que, num futuro próximo, pretende colocar o assunto novamente em pauta, o que foi pouco ou nada falado pelos comentaristas da Globonews.
Isso mostra que, se não foi combinada, essa adesão e estratégia de Bolsonaro com a Globo, a afinidade entre as duas propostas é ideologicamente idêntica.
Não é privatizar, é ir privatizando com a justificativa de parceria público privada. A coisa começaria pelos postos (UBS) para, depois, caminhar para o centro do comando do Sistema Único de Saúde (SUS), um maná que qualquer um neoliberal sonha em pilhar, porque neoliberal vive de pilhagem em nome de um suposto livre mercado que não consegue se sustentar nas próprias pernas, dependendo sempre de implodir um sistema criado pela sociedade e se apropriar dele justamente pela própria limitação que o tal livre mercado impõe ao sistema capitalista.
*Carlos Henrique Machado Freitas