O que poderia existir entre Bolsonaro e Dilma que os ligassem nesse momento, em que o Centrão ganha cada vez mais o poder? Parafraseando Drummond, há um Centrão no meio do caminho, no meio do caminho, há um Centrão.
Dilma, na medida em que buscava coalizão de governo, foi cedendo ao Centrão, parcelas do governo e da república, para governar. Bolsonaro, após cair em si, começou a fazer o mesmo, simplesmente para não sofrer um impeachment.
Prevendo que em algum momento as denúncias contra seus filhos chegarão a ele, Bolsonaro, além de evitar o impeachment, passou a buscar acordos políticos que o façam permanecer no poder após alguma denúncia enviada ao STF, chegue a ser votada na Câmara. Por isso, o Centrão, que é a origem do presidente, passou a mandar e muito no governo.
Dilma caiu por causa do Centrão, o mesmo centrão que empurrou Kassio Nunes goela abaixo em sua nomeação para o TRF-2. Agora, o mesmo Centrão empurra o mesmo Kassio Nunes goela abaixo de Bolsonaro, só que para o STF. É aqui que os dois se encontram.
Ora, Bolsonaro, em sã consciência (se é que ele tem uma), indicaria alguém nomeado por Dilma Rousseff ao STF? Óbvio que não.
“É aí que entra o Hélio Negão na história, como explica Thaís Oyama, em sua coluna.
Hélio Negão conheceu Kássio Nunes por meio do advogado Edvaldo Nilo. Nilo, que é também procurador do Distrito Federal no Tribunal Administrativo de Recursos Fiscais, costuma auxiliar o deputado em questões jurídicas. Em junho, Hélio Negão pediu-lhe que assumisse o processo que o youtuber Felipe Neto moveu contra ele. Neto acusa Lopes de ter associado seu nome ao crime de pedofilia num vídeo compartilhado pelo parlamentar na internet.”
Helio Negão pensou que Kassio Nunes compartilhava dos mesmo ideais de Bolsonaro e por isso, sujeriou sua indicação ao STJ, na vaga de Napoleão Nunes. Ora, bastou Ciro Nogueira, também piauiense como Kassio Nunes, empurrar, que Bolsonaro engoliu a sua indicação ao STF, que disse: “Vai ser você.”
Dilma caiu traída pelo Centrão, Bolsonaro pode estar no mesmo barco.