Em discurso no Webinário “Educação e as Sociedades Que Queremos”, evento com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva citou o filósofo Paulo Freire (1921-1997), declarado Patrono da Educação brasileira, em 2012. O ex-presidente também criticou a agenda ultraneoliberal, que se implantou no Brasil após o golpe contra Dilma Rousseff, em 2016, e está baseada no corte de direitos e investimentos, com o objetivo de abrir espaço para o setor privado atuar na execução de políticas socioeconômicas.
“Neste mês de setembro, iniciamos as comemorações do centenário de nascimento do educador Paulo Freire. Foi meu amigo, nasceu na mesma região que eu, no estado de Pernambuco, e foi companheiro na criação do Partido dos Trabalhadores”, disse Lula.
“Das muitas lições que Paulo Freire nos deixou, duas são frequentemente destacadas. A primeira é a noção de que aquele que educa também está sendo educado. É um conceito que só poderia ser formulado por quem tinha a grandeza de respeitar a sabedoria dos humildes e reconhecer a existência do outro, acima das barreiras sociais e preconceitos. A segunda lição é a de que a Educação é libertadora no mais amplo sentido que pode ter a palavra liberdade”, acrescentou.
Em um contexto de congelamento de investimentos públicos, o ex-presidente afirmou que, mesmo quem defendia “rigidamente a austeridade fiscal”, entendeu que “o momento é de gastar porque a vida não tem preço e que a economia deve existir, afinal, em função das pessoas, não apenas dos números”.
“E é o estado, em última análise, que pode proporcionar recursos e organizar a sociedade para atravessar este momento tão difícil. Esta é, a meu ver, uma grande lição que a pandemia está nos ensinando. O dogma do estado mínimo é apenas isso, um dogma, algo que não encontra explicação nem se justifica na vida real. O mito do deus mercado é apenas um mito, pois uma vez mais ele se revela incapaz de oferecer respostas para os problemas do mundo em que vivemos”, continuou Lula.