Um dos pontos que mais causava estranheza, no governo de Bolsonaro, era a presença de militares, em conjunto com neoliberais radicais. Os militares, tradicionalmente, tem visão desenvolvimentista, aliás, foi um dos caminhos adotados durante a ditadura, na economia, que foi mais estatizante que privatista, naquele período.
Se na ditadura o caminho adotado foi estado mínimo para o povo e estado máximo para empresários, incluindo um longuíssimo tempo de subsídios no aço, luz e outros setores, Bolsonaro tem a obrigação de passar pelo crivo eleitoral, o que não ocorria na ditadura. A realidade atual coloca o governo, incluindo os “cabeça de papel”, a agradar a população, em ações que podem angariar capital político.
Dessa vez, por não se tratar de eleições indiretas, os militares defendem o desenvolvimentismo e Bolsonaro olha para o governo Lula, para tentar algum capital político. O mais incrível disso tudo, é que os militares estão certos, agora. Aumentar o gasto, em especial com os mais pobres, para impulsionar a economia e ampliar a arrecadação. Nessa lógica simples, Paulo Guedes ficou chupando dedo.
Bolsonaro, mesmo ignorante, já percebeu que a melhoria na qualidade de vida dos mais pobres, gera capital político. Agindo mais pelo ego e eleitoralmente, Bolsonaro mantém Guedes como celo de qualidade do mercado financeiro, mas, não acata suas medidas. Nessa briga de mentirinha, joga ao ministro da economia a pecha de desumano e pega, para si, a imagem de defensores dos “fracos e oprimidos”. Atenção, essa pode ser uma jogada combinada com alguém.
Porém, há uma questão importante nesse momento, se o governo der a guinada de 180 graus, em direção ao desenvolvimentismo, será bem mais complicado demover um populista, mesmo que seja taxado como fascista, afinal, a imensa maioria da população brasileira, não tem a mínima ideia do que foi e do que é fascismo, nazismo ou até mesmo, comunismo.
É certo, portanto, afirmar que Bolsonaro deseja mais que tudo na vida, se tornar um Lula de direita e pode acabar acertando em alguma coisa, não pelo seu senso de alteridade, mas, pelo seu imenso ego. O problema de um egocêntrico no governo, não é quando ele é popular, nem na ascensão, mas, na queda.