O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu nesta segunda-feira (20) impor tarifas e impostos a outros países, em um discurso de posse fortemente nacionalista.
“Começarei imediatamente a reformular nosso sistema comercial, para proteger os trabalhadores americanos e suas famílias”, afirmou Trump. “Em vez de tributar nossos cidadãos para enriquecer outros países, cobraremos tarifas e impostos de países estrangeiros para enriquecer nossos cidadãos”, declarou.
Desde a sua vitória de novembro passado nas urnas, o republicano tem mirado tanto em aliados quanto em adversários, levantando a perspectiva de novas tarifas para pressionar outros países a tomar medidas mais duras diante das preocupações dos Estados Unidos.
Antes do seu retorno à Casa Branca, Trump prometeu impor tarifas de 25% sobre as importações canadenses e mexicanas, e 10% adicionais sobre os produtos chineses, caso não fizessem mais em relação à imigração ilegal e ao fluxo de fentanil para os EUA.
México e Canadá são parceiros dos Estados Unidos no acordo de livre-comércio da América do Norte, assinado no primeiro mandato de Trump, para suceder o Nafta.
A zona do euro, que exporta mais produtos para os Estados Unidos do que importa, também está na mira dos republicanos. A União Europeia “está disposta a defender seus interesses econômicos”, se necessário, anunciou nesta segunda-feira o comissário europeu de Economia, Valdis Dombrovskis, ressaltando que um potencial conflito comercial teria “um custo económico substancial para todos, incluindo os Estados Unidos”.
Durante a campanha eleitoral, Trump também lançou a ideia de impor tarifas muito mais altas às importações chinesas, mas se absteve hoje de revelar novas tarifas a serem aplicadas a produtos importados quando um comprador americano adquiri-los no exterior.
O Wall Street Journal apontou hoje que o presidente poderia se abster de impor novas tarifas no primeiro dia do seu segundo mandato, para priorizar o lançamento de investigações sobre as relações comerciais com China, Canadá e México, como passo prévio a futuros aumentos.
Em seu discurso, Trump reiterou seu plano de criar um “Serviço de Receita Externa” para coletar tarifas e impostos de importação, juntamente com a criação de um “Departamento de Eficiência Governamental” destinado a cortar os gastos públicos federais.
O secretário de Comércio nomeado por Trump, Howard Lutnick, deu indicações hoje para empresas estrangeiras sobre uma saída para as barreiras tarifárias: “A única coisa que podem fazer é construir fábricas nos Estados Unidos e contratar americanos com salários muito bons.”
Consequência
Por se tratarem de países que são fornecedores importantes de bens para os Estados Unidos, especialistas esperam que as novas tarifas tenham um efeito inflacionário, uma ideia que tanto Trump quanto seus assessores descartam. Já as empresas americanas esperam represálias dos países afetados, que puniriam suas próprias exportações.
Os americanos pagarão uma “tarifa Trump” se o presidente aumentar esses impostos sobre produtos canadenses e desencadear “a maior guerra comercial entre os dois países em décadas”, advertiu na semana passada a chanceler do Canadá, Melanie Joly.
Donald Trump também ameaçou o Brics – grupo fundado por Brasil, Rússia, Índia e China e que hoje inclui uma dezena de nações – com tarifas de 100% se ameaçassem o domínio do dólar.
Um dos assessores econômicos mais antigos de Trump, Stephen Moore, descartou em entrevista à AFP o impacto inflacionário da medida, que buscarão compensar com cortes de impostos previstos pelo novo governo, diz o ICL.
“Os produtos fabricados nos Estados Unidos terão menos impostos. Os da China terão mais.
Quando o equilíbrio for feito, poderá haver alguns aumentos de preços, mas não um aumento global”, declarou.
A Casa Branca anunciou hoje que todas as agências do governo vão tomar “medidas de emergência para reduzir o custo de vida”.