Representantes de mais de 60 entidades enviaram, nesta sexta-feira (20), uma denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, devido à alta da violência policial no estado. As mortes provocadas por policiais militares em São Paulo aumentaram 98% nos dois primeiros anos do governo Tarcísio, de acordo com o Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial, do Ministério Público (Gaesp-MPSP). Foram registradas 355 ocorrências entre janeiro e novembro de 2022. No mesmo período de 2024, segundo ano da gestão, o número subiu para 702 mortes. As estatísticas incluem mortes cometidas por policiais militares em serviço e fora de serviço.
As entidades pediram que a comissão, vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA), acompanhe os casos de abuso de força praticados por integrantes da Polícia Militar (PM) e emita recomendações ao Estado brasileiro para agir pela diminuição da violência policial em todo o país. A coluna de Mônica Bergamo apontou que a denúncia foi assinada por familiares de vítimas de operações policiais e por organizações como Uneafro Brasil, Movimento Negro Unificado, Geledés — Instituto da Mulher Negra e Casa Sueli Carneiro.
Os integrantes das instituições participaram de uma audiência com o secretário de Segurança Multidimensional da OEA, Ivan Marques, para entregar o documento. A manifestação considerou “inadmissível” que “a atuação policial continue sendo sinônimo de violação de direitos dos cidadãos e cidadãs”.
“A realidade demonstra a persistência de um modelo de segurança pública que opera à margem dos princípios constitucionais democráticos, utilizando a violência e o controle policial como instrumentos de discriminação racial”, afirmaram.