Texto pedia cessar-fogo ‘imediato, incondicional e permanente’; governo de Joe Biden ignorou apoio de aliados e alertas sobre crise humanitária
Os Estados Unidos, maior aliado e fornecedor de armas de Israel, vetaram nesta quarta-feira (20/11) a resolução de cessar-fogo humanitário em Gaza, proposta no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), totalizando assim quatro documentos negados pelo poder de veto norte-americano.
Depois da comissão da ONU alertar que os crimes em Gaza seriam considerados como “genocídio”, o governo dos EUA executou o veto, em uma votação que terminou com 14 de 15 apoios e apenas uma rejeição, do governo de Joe Biden.
O texto pedia um “cessar-fogo imediato, incondicional e permanente”. Para que uma resolução fosse aprovada, o Conselho precisaria contar com o voto de todos os cinco membros permanentes do órgão.
No caso da resolução submetida nesta quarta-feira, até mesmo aliados dos norte-americanos optaram por apoiar, entre eles o Reino Unido e França.
O governo Biden havia colocado uma condição para apoiar o texto: a resolução deveria citar explicitamente a libertação imediata dos reféns como parte de um cessar-fogo.
“Como já dissemos várias vezes, não podemos apoiar um cessar-fogo incondicional que não exija a libertação imediata dos reféns”, disse uma autoridade norte-americana.
Reações de outros países ao veto
Para o governo da Argélia, que faz parte do Conselho, o veto norte-americano mandaria uma mensagem aos israelenses: “podem continuar com o genocídio”.
A China, por sua vez, alertou que a operação de Benjamin Netanyahu não tem relação alguma com a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas desde outubro de 2023.
A Eslovênia, que também faz parte dos autores da proposta, insistiu que era “hora de um cessar-fogo incondicional”.
O governo britânico chegou a apresentar um texto alternativo, na esperança de convencer o Conselho a se aproximar às exigências da Casa Branca; a proposta não foi acatada.
Um alto funcionário dos EUA, que informou repórteres da CNN sob condição de anonimato antes da votação, disse que os EUA só apoiariam uma resolução que pedisse explicitamente a libertação imediata de reféns como parte de um cessar-fogo.
“A China continuou exigindo uma ‘linguagem mais forte’ e a Rússia parecia estar mexendo os pauzinhos com vários dos 10 membros (eleitos)”, disse a autoridade, tentando justificar o veto.