O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, na tarde desta terça-feira (12), o Dia Nacional do Maracatu, a ser celebrado anualmente em 1º de agosto. A data foi escolhida em homenagem ao nascimento de Luís de França, mestre do Maracatu Leão Coroado, grupo histórico de Pernambuco, que liderou uma tradicional agremiação por 40 anos. O grupo, fundado em 1863, tem 157 anos de existência e é o mais antigo maracatu em atividade ininterrupta no Brasil.
Compromisso com a cultura brasileira
Durante a cerimônia de sanção, Lula ressaltou o impacto desta nova data na valorização do maracatu. “O dia de hoje muda, definitivamente, a compreensão e a visão que a gente tem dessa arte cultural do nosso povo brasileiro, que é o maracatu. Significa que o Estado tem que assumir a responsabilidade de fazer com que isso chegue aonde nunca chegou e que seja visto por quem nunca conseguiu ver”, disse.
O presidente também afirmou que o Governo Federal se compromete a transformar o 1º de agosto em um dia de celebrações em todo o país. “Precisamos transformar o maracatu numa arte de conhecimento de todo o povo brasileiro”, afirmou. A data destaca a relevância dessa manifestação cultural como parte fundamental da identidade brasileira e reforça seu valor enquanto símbolo de resistência e preservação das tradições afro-brasileiras.
De autoria da ex-deputada federal e atual ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos (PCdoB), o PL visa fortalecer o maracatu no cenário nacional e promover o reconhecimento de sua importância histórica e cultural. “É uma das manifestações populares mais importantes do Nordeste. A instituição de dados nacional nos ajuda a visibilizar e fortalecer o maracatu nação e maracatu rural, conhecida também como baque virado e baque solto, e o trabalho dos nossos fazedores de cultura, que são guardiões e construtores da nossa identidade”, declarou Luciana.
“Em Pernambuco, tudo que a gente diz que é único, maior e melhor, a gente não pode negar isso ao falar do Maracatu, que é singular da nossa terra”, destacou Luciana.
Patrimônio e diversidade de expressões
O maracatu, uma das manifestações mais tradicionais de Pernambuco, é uma celebração vibrante que une ritmo musical, dança e vestimentas típicas. Sua origem remonta ao período colonial, entre os séculos XVII e XVIII, como uma adaptação das coroações dos reis e rainhas do Congo feitas pelos africanos escravizados. Ao longo dos séculos, o maracatu absorveu influências das culturas ameríndias e europeias, refletindo a miscigenação que caracteriza a formação cultural do Brasil.
Dividido entre maracatu nação, ligado às religiões afro-brasileiras, e maracatu rural, associado às festividades do ciclo canavieiro, o maracatu representa hoje um patrimônio imaterial brasileiro, conforme reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2014. Cada vertente possui características únicas: o maracatu nação apresenta cortejos que simbolizam coroações, enquanto o maracatu rural é marcado pela figura do Caboclo de Lança, presente no Carnaval e na Páscoa.
Com a sanção da lei, o maracatu ganha mais visibilidade e reconhecimento, não apenas como um patrimônio cultural de Pernambuco, mas também como um símbolo de resistência e preservação das tradições afro-brasileira