O Conselho de Segurança das Nações Unidas convocará nesta segunda-feira (28) uma reunião de emergência para discutir a crescente tensão entre Israel e Irã, após uma série de ataques aéreos israelenses direcionados a locais de produção de mísseis iranianos. Solicitada pelo Irã e apoiada por Argélia, China e Rússia, a sessão busca responder ao recrudescimento do conflito que já provoca preocupações sobre a estabilidade regional e riscos à segurança global.
Em uma carta endereçada ao conselho, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, descreveu os ataques de Israel como uma “ameaça grave à paz e à segurança internacionais”. Araqchi acusou Israel de violar a soberania iraniana e o direito internacional, destacando que as ações israelenses “desestabilizam ainda mais uma região já frágil”.
O ataque israelense, ocorrido nas primeiras horas do sábado (26), foi o primeiro ofensivo declarado por Israel contra o Irã, o que eleva significativamente as tensões entre os dois países. De acordo com o governo israelense, a operação buscou enfraquecer a capacidade defensiva do Irã, atingindo locais estratégicos de produção e lançamento de mísseis. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que o ataque alcançou seus objetivos, que incluíam prejudicar as capacidades de defesa e a produção de armamentos do Irã.
Reações e ações na região
Em resposta aos ataques, o Irã se reservou o direito de retaliação e reforçou a preparação de suas forças. O líder supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei, enfatizou a necessidade de uma análise cuidadosa da situação, sem exaltar ou minimizar a gravidade do ataque israelense. No entanto, ainda não pediu uma retaliação direta.
O Iraque, por sua vez, apresentou uma queixa formal à ONU condenando a violação de seu espaço aéreo por Israel durante o ataque. Um porta-voz do governo iraquiano descreveu o incidente como uma “grave violação de sua soberania”.
A situação na região também é agravada pelo aumento dos ataques israelenses contra alvos do Hezbollah no Líbano, incluindo ataques aéreos na cidade de Tiro, onde cinco civis foram mortos, segundo autoridades locais de saúde. Paralelamente, o presidente egípcio Abdel-Fattah el-Sissi propôs uma trégua temporária de dois dias entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza. Segundo ele, a pausa nos combates permitiria a entrega de mais ajuda humanitária aos palestinos e a libertação de reféns. O plano de el-Sissi, no entanto, ainda não obteve resposta de Israel ou do Hamas.
Apelo internacional por diplomacia
O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo para que todos os envolvidos no conflito evitem uma escalada de violência que possa levar a uma guerra regional de grandes proporções. Em comunicado, Guterres ressaltou a necessidade de retomar o caminho da diplomacia e cessar todas as ações militares.
Os esforços diplomáticos ganham um novo impulso com a presença do chefe do Mossad, David Barnea, em Doha, onde ele se encontrou com o primeiro-ministro do Catar e o chefe da CIA dos Estados Unidos. O encontro sublinha as tentativas de mediação entre as partes, visando mitigar o risco de uma crise humanitária ainda maior.
Com uma reunião de emergência iminente, as potências globais esperam que o Conselho de Segurança seja capaz de propor soluções que ajudem a conter o conflito e restaurar a estabilidade na região. A ONU trabalha para evitar que a atual crise resulte em uma guerra aberta, que traria consequências devastadoras para o Oriente Médio e repercussões globais.