Luis Nassif
A primeira proposta do BRICS foi criar sistemas alternativos de comércio, que não exigissem pagamento em dólares. Trata-se de um desafio.
O BRICS e o banco do BRICS são duas ótimas oportunidades de parceria para o Brasil. Mesmo porque, a geopolítica da China é a da colaboração e da integração de mercados. E o desmanche da ONU criou um enorme vácuo para mediação e apoio ao desenvolvimento.
Mas a moeda do BRICS ainda é um sonho distante.
A ideia da moeda surgiu depois que os Estados Unidos passaram a utilizar o Swift (o sistema de comunicação de transação em dólares) para retaliar adversários políticos. A partir daí, criou uma instabilidade insolúvel.
A primeira proposta do BRICS foi criar sistemas alternativos de comércio, que não exigissem pagamento em dólares. Trata-se de um desafio, já que o comércio entre países não é equilibrado. Assim, haverá países com saldos e déficits em relação a seus parceiros comerciais.
Segundo a Bloomberg, a Rússia propõe uma rede de bancos comerciais que possam conduzir as transações em moedas locais, assim como o estabelecimento de ligações diretas entre bancos centrais. Essas propostas estão contidas em um relatório preparado pelo Ministério das Finanças da Rússia, o Banco da Rússia e a consultoria Yakoc & Partners, de Moscou.
O trabalho recomenda que o sistema multi-moeda precisará “proteger seus participantes de quaisquer pressões externas, como sanções extraterritoriais”. Propõe também a criação de centros para comércio mútuo de commodities, como petróleo, gás natural, grãos e ouro.
A rigor, a única unanimidade é sobre o uso do sistema de blockchain para custodiar as moedas. Para tanto, está sendo estudado o uso do sistema DLT (Tecnologia de Contabilidade Distribuída). Será muito mais eficiente que o Swift – que é apenas uma rede de comunicação de transações em dólares.
*GGN