Na reta final para o segundo turno das eleições à Prefeitura de São Paulo, o candidato Guilherme Boulos (PSOL) intensifica sua campanha com a realização da plenária “Arrancada da Vitória”, marcada para esta quarta-feira, 9 de outubro, às 19h, na Casa de Portugal, localizada na Avenida da Liberdade, próxima ao metrô. A mobilização faz parte da estratégia para reverter a vantagem do atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), que lidera as pesquisas após uma disputa acirrada no primeiro turno.
Boulos ficou apenas 25 mil votos atrás de Nunes, recebendo 29,06% dos votos (1.766.892) contra 29,49% (1.793.199) do adversário. Agora, com o segundo turno marcado para 27 de outubro, o candidato do PSOL aposta no uso estratégico do tempo de televisão e em uma forte mobilização nos bairros mais periféricos da cidade para ganhar terreno. Ele falou sobre isso numa entrevista coletiva nesta terça-feira (8).
“Nós vamos elucidar ainda para os eleitores quem anda com quem,” referindo-se ao apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro à campanha de Nunes. “Do lado de lá, temos um candidato que acredita que Bolsonaro fez tudo certo na pandemia, que se colocou contra a vacina e que não vê o 8 de janeiro como uma tentativa de golpe. Do lado de cá, nós temos um time que ajudou a resgatar a democracia no Brasil. Eu confio muito que o povo de São Paulo vai optar pela mudança,” finalizou Guilherme Boulos.
A campanha de Boulos busca contar com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), embora as agendas possam ser um desafio para uma participação ativa. Ele observou que Lula tem uma agenda a cumprir em Brasília e em todo o país, “ao contrário de candidatos inelegíveis que podem acompanhar outras campanhas diariamente”. Boulos também mencionou que, nesta terça-feira (08), iria conversar por telefone com o presidente para ajustar a agenda para o segundo turno. Além disso, a executiva nacional do PT se reuniu hoje para avaliar a participação de Lula neste segundo turno em São Paulo e em outras cidades.
Para fortalecer sua presença nas regiões periféricas, Boulos planeja realizar atos com vereadores eleitos, que atuam como aliados em seus redutos eleitorais. Alessandro Guedes (PT) liderará atividades em Itaquera, enquanto Jair Tatto (PT) focará no Grajaú. A campanha também pretende capitalizar a popularidade de sua vice, Marta Suplicy (PT), uma figura importante para atrair votos em áreas onde a ex-prefeita mantém influência.
Créditos: Leandro Paiva/@leandropaivac
Na televisão, Boulos pretende enfatizar a escolha entre “continuidade” e “mudança”, tentando associar Nunes à figura de Bolsonaro, nacionalizando a disputa. Ambos os candidatos terão tempos iguais de propaganda eleitoral e inserções no segundo turno, diferente do primeiro turno, quando Nunes controlava 65% do tempo de propaganda.
Outro ponto central da campanha é a defesa da realização de, no mínimo, nove debates televisivos, acreditando que seu adversário apresenta desempenho inferior nesses eventos. Nunes, por sua vez, busca limitar os debates a apenas três. Boulos vê nos confrontos diretos uma oportunidade de conquistar eleitores indecisos e mudar o cenário eleitoral.
Em seus discursos, o candidato do PSOL tem reforçado a mensagem de mudança, destacando que São Paulo precisa de uma gestão mais humana e solidária. “Se você acha que São Paulo está bem com filas na saúde, ônibus lotados e insegurança, você concorda com o nosso adversário. Mas, se quer mudar, vem comigo e com a Marta”, afirmou Boulos. Ele também destacou a importância de combater as desigualdades para construir uma cidade mais justa e segura para todos.
A campanha de Boulos também busca dialogar com os eleitores de Pablo Marçal (PRTB), que obteve boa votação no primeiro turno em áreas periféricas. Boulos rebateu a declaração de Nunes de que o perfil dos eleitores de Marçal é semelhante ao seu, e afirmou que seu objetivo é dialogar com todos os insatisfeitos com a gestão atual da cidade. “Nosso trabalho será dialogar 24 horas por dia, sem descanso, nos quatro cantos da cidade de São Paulo, com todos aqueles que querem mudanças,” ressaltou. Ele também expressou confiança na vitória, afirmando: “Se somarmos os números, fica claro que a maioria votou pela mudança, não pela continuidade.”
Com o apoio de figuras importantes como Tábata Amaral (que obteve 10% dos votos no primeiro turno) e do vice-presidente Geraldo Alckmin, Boulos espera consolidar uma frente ampla em torno de sua candidatura, com foco em mudanças na saúde, segurança e transporte público. “É um gesto de consciência de quem compreende o que está em jogo e em risco na cidade de São Paulo,” avaliou.
A disputa entre Boulos e Nunes segue acirrada, e a plenária “Arrancada da Vitória” será um momento importante para mobilizar a militância e os eleitores indecisos na reta final da campanha.