Pablo Marçal: um boneco extremista criado em laboratório

Pablo Marçal: um boneco extremista criado em laboratório

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Além de retórica anticomunista, Marçal tem visões anti-islâmicas abertamente extremistas, como as dos terroristas Anders Breivik e Brenton Tarrant.

Para entender um fenômeno social é necessário, antes, compreender suas origens.

Após a tragédia do 11 de setembro, a direita republicana nos EUA criou uma rede massiva de think-tanks anti-islâmicos, centrada na propagação da ideia do “Choque de Civilizações”, de Samuel P. Huntington. Segundo esta tese, a arquitetura geopolítica do novo milênio se constituiria não por meios comuns, mas por uma colisão entre o Oriente Islâmico, bárbaro, e o Ocidente cristão, “secularizado” e esclarecido. Uma das figuras centrais na propagação dessas ideias, John Bolton, teve papel chave na administração Trump e terminou demitido, foi Conselheiro de Segurança dos EUA na ONU, participando também anteriormente da administração Bush e sendo ávido na defesa da Guerra do Iraque, tendo admitido também participação no planejamento de golpes de Estado.

Essas ideias, após anos de maturação e desgaste, chegaram ao Brasil por meio dos cursos do falecido Olavo de Carvalho, e tiveram protagonismo na atuação de Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores de Bolsonaro, atuando em toda a arquitetura da ideologia extremista de Pablo Marçal, postulante à prefeitura de São Paulo, o polo comercial mais importante do Brasil. Atualmente, crescem em meios pentecostais e evangélicos radicais no Brasil.
Para entender um fenômeno social é necessário, antes, compreender suas origens.

Após a tragédia do 11 de setembro, a direita republicana nos EUA criou uma rede massiva de think-tanks anti-islâmicos, centrada na propagação da ideia do “Choque de Civilizações”, de Samuel P. Huntington. Segundo esta tese, a arquitetura geopolítica do novo milênio se constituiria não por meios comuns, mas por uma colisão entre o Oriente Islâmico, bárbaro, e o Ocidente cristão, “secularizado” e esclarecido. Uma das figuras centrais na propagação dessas ideias, John Bolton, teve papel chave na administração Trump e terminou demitido, foi Conselheiro de Segurança dos EUA na ONU, participando também anteriormente da administração Bush e sendo ávido na defesa da Guerra do Iraque, tendo admitido também participação no planejamento de golpes de Estado.

Essas ideias, após anos de maturação e desgaste, chegaram ao Brasil por meio dos cursos do falecido Olavo de Carvalho, e tiveram protagonismo na atuação de Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores de Bolsonaro, atuando em toda a arquitetura da ideologia extremista de Pablo Marçal, postulante à prefeitura de São Paulo, o polo comercial mais importante do Brasil. Atualmente, crescem em meios pentecostais e evangélicos radicais no Brasil.

Seguem alguns trechos de seu livro, intitulado “A Destruição do Marxismo Cultural”, onde Marçal defende abertamente a violência contra muçulmanos:

“Uma das estratégias, inclusive usada por Maomé, foi a imigração em massa de Meca, onde estava sendo perseguido, para outra cidade, Medina. Após alguns anos, consolidando seu poder, Maomé reconquista Meca depois de um derramamento de sangue pouco visto na História da Humanidade! Este fenômeno é chamado de ‘hégira’ e está sendo utilizado nos dias de hoje, em escala global, inclusive com claros mecanismos de ocupação demográfica, terrorismo e doutrinação para alcançar o objetivo final do Islã Mundial (a Europa está sendo devastada e aterrorizada por este tipo de estratégia)!

Enquanto isto, muitos cristãos se sujeitam à condição de ‘defensores’ da liberdade religiosa e migratória destes grupos ligados a esta ‘Religião’. O ingênuo argumento é que são populações que podem ser alcançadas através do Evangelismo. O problema é estatístico e demográfico. Ao contrário do que se prega, as taxas de conversão são mínimas e a maneira como estes imigrantes agem, blindando sua fé em guetos em todo o mundo, dificulta, e muito, qualquer projeto evangelístico. Ainda, são populações hostis e fechadas ao mundo exterior. Prova é o avanço da chamada ‘sharia’, a lei islâmica, mesmo em países ocidentais. Como afirmado, por viver em guetos, sujeitam-se aos seus costumes, língua, leis e religião, praticamente impedindo a influência da cultura ocidental e muito menos do Cristianismo. Criam um Estado Islâmico, à semelhança do que Maomé fez em Medina e depois em Meca, em um modelo de dominação milenar, simplesmente reproduzido pelos líderes religiosos respectivos ao longo dos séculos. Trabalham também em células e são muito ativos.

A resistência cristã ao Islamismo, a exemplo do que ocorreu no período das cruzadas (século XI ao século XIII da Era Cristã), sempre se deu militarmente. Infelizmente, não há outro remédio. Ao contrário do que se apregoa, as Cruzadas foram necessárias e fundamentais para libertar a Europa da dominação islâmica e mantê-los afastados.”

Como já apontado, tais ideias não são novas, mas foram criadas em laboratório e propagadas no intuito de justificar a demonização de povos islâmicos, gestando internamente o clima para o apartheid e a segregação social, e externarmente para guerras infindas e sem sentido, que enriquecem apenas o complexo industrial norte-americano.

Tal ideologia, no entanto, possui um longo lastro de destruição, morte e genocídio por onde passa. Ainda nos anos 1990, foi utilizada para justificar o massacre de Srebrenica, na Bósnia, onde dezenas de milhares de muçulmanos foram brutalmente assassinados em pouquíssimo tempo e mulheres muçulmanas exploradas por militares sérvios como escravas sexuais.

Em Angola, igualmente, foi instrumentalizada para justificar a destruição de mesquitas. No Myanmar, tal visão alimentou extremistas budistas que, até o momento, cometeram um dos maiores genocídios do séc. XXI, expulsando mais de 700 mil muçulmanos da etnia Rohingya de seus lares, chacinando violentamente mais algumas dezenas de milhares, enquanto o mundo assiste silencioso.

Na Noruega, o extremista Anders Breivik, que em seu manifesto propagou ideias idênticas às de Pablo Marçal, de novas Cruzadas, cometeu um massacre que matou mais de 70 muçulmanos, postando ainda vídeos no Youtube sob um perfil intitulado “Knights Templar 2083 (Cavaleiros Templários 2083)”, se autoproclamando o “Cavaleiro Templário da Noruega”.

Na Nova Zelândia, em 2019, o extremista Brenton Tarrant adentrou a Mesquita de Christchurch enquanto transmitia seu massacre ao vivo nas redes sociais. Ao todo, mais de 50 muçulmanos foram mortos enquanto rezavam. Em seu fuzil, a imagética das cruzadas, assim como a frase “Deus Vult”, podiam ser vistas, mais uma vez traçando um paralelo com as ideias defendidas por Pablo Marçal.

*Opera Mundi

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