Zambelli é ré pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. Walter Delgatti é réu confesso no caso.
A deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Neto serão interrogados na manhã desta quinta-feira (26) em ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF). Ambos respondem pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para inserção de dados falsos.
Carla Zambelli
Zambelli é ré pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. Walter Delgatti é réu confesso no caso. A audiência se iniciou às 9h, por videoconferência. O relator da ação é o ministro Alexandre de Moraes.
Antes de os réus serem ouvidos, ocorre a oitivas das testemunhas de acusação e de defesa. As testemunhas de acusação foram ouvidas na última segunda-feira (23) e negaram que Zambelli tenha encomendado ao hacker invasão a sistema do CNJ.
As testemunhas de defesa serão ouvidas nesta quinta (26). Zambelli listou 16 pessoas como testemunhas, dentre eles: Thiago Eliezer Martins Dos Santos, hacker e ex-parceiro de Delgatti; Valdemar Costa Neto, presidente do PL; Ives Gandra Martins, advogado e jurista e o coronel da reserva Antonio Aginaldo de Oliveira, marido da deputada.
Entenda o caso
Zambelli e Delgatti se tornaram réus no STF em maio, após os ministros da primeira turma aceitarem, por unanimidade, a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a dupla.
A investigação apontou que eles inseriram documentos falsos no sistema do órgão, como um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
De acordo com a denúncia da PGR, Zambelli teve “papel central” na invasão dos sistemas eletrônicos do CNJ e foi a “autora intelectual” do ataque hacker. A parlamentar, segue a procuradoria, “arregimentou” o hacker Walter Delgatti, prometendo a ele benefícios em troca dos serviços.
De agosto de 2022 a janeiro de 2023, segundo a denúncia, Delgatti invadiu “por várias vezes dispositivos de informática usados pelo Poder Judiciário, adulterando informações, mandados de prisão, alvarás de soltura, decisões de quebra de sigilo bancário, e inclusive determinando ao sistema que emitisse documento ideologicamente falso”.
O objetivo era “gerar ambiente de desmoralização da Justiça Brasileira, para obter vantagem de ordem política, propondo-se, desde o princípio, à invasão a dispositivo informático, que, afinal, determinou, participando ativamente de produção de ordem judicial ideologicamente falsa”, segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Um relatório da Polícia Federal (PF), citado na denúncia, afirma que o hacker “trabalhava para a denunciada (Zambelli), sendo de se realçar que ele detinha informações de acesso a sítios eletrônicos e a servidores associados à parlamentar”.
O objetivo da empreitada, segue a PGR, era obter “vantagem de ordem midiática e política, que adviria do projeto de desmoralização do sistema de Justiça, bem como causar danos ao funcionamento da máquina administrativa judiciária”.