Compra de equipamentos militares de Israel pelo Brasil está em xeque por crise diplomática no alto escalão. Queda de braço entre governo Lula e Forças Armadas expõe dificuldade de alinhar política externa e de defesa no Brasil.
Compra de viaturas blindadas de Israel pelas Forças Armadas sofre novo impasse, com a expiração de prazo para assinatura do contrato. Oposição do assessor de Relações Exteriores de Lula, Celso Amorim, levou governo a repensar termos do acordo.
A aquisição de 36 viaturas blindadas de combate, ou seja, obuseiros autopropulsados de 155 mm sobre rodas, produzidas pela empresa israelense Elbit Systems, no âmbito do Programa Estratégico do Exército Forças Blindadas, está estimada em R$ 1 bilhão.
A empresa israelense venceu processo de licitação em abril deste ano, superando a segunda colocada Excalibur International da República Tcheca, a KNDS da França e a Norinco chinesa. Analistas ouvidos pela Sputnik Brasil atestaram a qualidade técnica dos equipamentos oferecidos pelos israelenses ao Brasil.
No entanto, o assessor de Relações Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, intercedeu contra o processo, já que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi declarado persona non grata pelo governo do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. Em função da crise diplomática, o Brasil retirou seu embaixador de Tel Aviv, posto agora comandado por um encarregado de negócios.
Para Amorim, há descompasso entre o tratamento concedidos por autoridades israelenses ao Brasil e a compra bilionária almejada pelo Exército Brasileiro. Apesar do impasse, o professor de Ciências Políticas da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), Henrique Lucena Silva, acredita que a posição técnica do Exército deve prevalecer sobre considerações de cunho diplomático.