A coerência é uma virtude facilmente contornável para Pablo Marçal. Durante os últimos dez dias, o candidato referiu-se ao seu partido num timbre de navio prestes a abandonar os ratos. De repente, o fedor de PCC que escapa da cabine de comando do PRTB deixou de ser um incômodo.
Marçal confraternizou com Leonardo Avalanche, o mandachuva do PRTB, num evento com candidatos a vereador. “Esse cara não é do PCC”, declarou o candidato, antes de se autodesmentir, negando o constrangimento que dizia sentir. “Eu não tenho um pingo de vergonha de estar ao lado dele.”
A culpa é da malvada imprensa, que expôs o áudio no qual Avalanche admite vínculos com o PCC. “Constrangedor é o massacre que vocês fazem”, declarou Marçal aos jornalistas.
Na semana passada, Marçal disse que estava “usando” o PRTB por falta de alternativa. Realçou que, depois da eleição, “posso sair” do partido. Agora, diz estar comprometido com o projeto partidário. É como se Marçal tivesse sido alertado sobre a inconveniência de cuspir num prato em que ainda pode ser proibido de comer.
A boa notícia para os partidários de Marçal é que o índice de incoerência do candidato não subiu. Continua nos mesmos 100%.
*Josias de Souza/Uol