Outros quatro policiais federais cedidos ao Ministério da Justiça também foram indiciados.
A Polícia Federal indiciou o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques. Segundo a PF, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), ambos teriam atuado para impedir o deslocamento dos eleitores do presidente Lula (PT), na Região Nordeste, nos dias de votação das eleições de 2022.
Também foram indiciados, com base no artigo 359-P do Código Penal, outros quatro policiais federais cedidos ao Ministério da Justiça — Alfredo de Souza Lima Coelho Carrijo, Fernando de Sousa Oliveira, Leo Garrido de Salles Meira e Marília Ferreira de Alencar.
De acordo com a investigação da PF, a PRF teria sido usada para tentar impedir o deslocamento de eleitores de Lula. Para tanto, Silvinei teria determinado a realização de blitze, principalmente em estradas do Nordeste — o candidato petista teve ampla margem de votos na região.
Segundo a PF, ao realizar as blitze, Silvinei teria descumprido ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
PF: colaboração premiada
De acordo com a PF, foram negociadas pelo menos duas delações premiadas para embasar o inquérito aberto pela corporação.
Outro elemento apurado pela PF foi um mapeamento com o nome das cidades em que Lula recebeu mais de 75% dos votos no primeiro turno e que foi encontrado no celular de Marília Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça.
Silvinei Vasques
Em 8 de agosto, o ministro Alexandre de Moraes determinou a soltura de Silvinei Vasques. Ele estava preso há um ano sob suspeita de ter dificultado o trânsito de eleitores durante o segundo turno da eleição presidencial de 2022.
A avaliação de Moraes é que Vasques não representa mais risco às investigações. Contudo, para ser liberado, Silvinei ainda terá que cumprir medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, proibição de usar redes sociais e obrigação de se apresentar à Justiça periodicamente.