Lula ironiza discussão da direita sobre anistia antes de julgamento e condenação: ‘Na verdade, é uma confissão de culpa’

Lula ironiza discussão da direita sobre anistia antes de julgamento e condenação: ‘Na verdade, é uma confissão de culpa’

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Ele ressaltou que anistia só deve ser discutida após o devido processo legal. O presidente defendeu não colocar ‘o carro na frente dos bois’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta terça-feira (16) que os pedidos de anistia feitos por lideranças da extrema-direita são, na verdade, uma confissão de culpa.

Lula ironizou a discussão sobre perdão por crimes, sem mencionar diretamente a quem se referia. Contudo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros políticos associados a ele têm defendido a anistia para condenados por participação nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

– O mundo está tão engraçado que tem um monte de gente que nem foi condenada ainda e já quer anistia. Primeiro, você espera ser condenado, você vai ser processado, você vai ser julgado. Aí, sim, você vai discutir anistia. Mas as pessoas nem foram julgadas e já estão pedindo anistia. Isso é admitir culpa – disse Lula.

Ele ressaltou que anistia só deve ser discutida após o devido processo legal, envolvendo condenação e julgamento. O presidente defendeu não colocar “o carro na frente dos bois”. “Estamos em um processo de investigação, envolve a polícia, envolve a Justiça. Quando o processo tiver terminado, nós vamos discutir o que fazer”, declarou em entrevista à Record, exibida nesta noite.

Lula já chegou a admitir no mês passado a possibilidade de anistia no futuro, mas afirmou que não se pode “precipitar a discussão”. Bolsonaro defendeu a anistia durante protesto na Avenida Paulista em fevereiro deste ano. No ato, o ex-presidente afirmou que o perdão seria uma forma de “conciliação” e passar uma “borracha no passado” no país.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) renovou o pedido na semana passada ao participar de um evento da direita. Parlamentares já apresentaram ao Congresso Nacional projetos de lei para conceder a anistia, que se tornou bandeira da extrema-direita brasileira.

Lula afirmou que não definiu o nome que vai indicar para a sucessão de Roberto Campos Neto no Banco Central. Ele rechaçou as pressões para anunciar a escolha do novo presidente do Banco Central até agosto e destacou estar sem pressa para tomar a decisão. “Eu acho engraçado na política a quantidade de gente que dá palpite em coisa que não deveria dar palpite. Eu vou escolher a pessoa na hora certa. Na hora que eu tiver um nome correto, vou chamar o Haddad, conversar com o Haddad. Estou com muita paciência e tranquilidade para fazer a escolha”, disse o presidente, que afirmou receber muitas sugestões de nomes.

Lula voltou a criticar a autonomia do Banco Central. O presidente tem feito ataques públicos ao atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, a quem cobra pela redução mais acelerada da taxa básica de juros. Nesta terça, Lula afirmou novamente que Henrique Meirelles, que comandou o BC nos seus dois primeiros governos, tinha mais independência que Campos Neto.

Na entrevista, o petista disse também não ser obrigado a cumprir a meta fiscal “se tiver coisa mais importante para fazer”. Mas garantiu fazer “o necessário” para cumprir o arcabouço fiscal. Lula reafirmou ter “responsabilidade fiscal”, mas seguiu no tom de que não deve cortar gastos sociais para cumpri-lo.

O arcabouço fiscal, proposto pelo governo e aprovado pelo Congresso, estabelece uma meta de resultado primário zero para o próximo ano, com margem de tolerância de 0,25. Ele garantiu, no entanto, que a meta zero “não está rejeitada”.

“Porque nós vamos fazer o necessário para cumprir o arcabouço fiscal”, afirmou. “Esse país terá previsibilidade. Ninguém será pego de surpresa com as coisas que queremos fazer, porque será feito ao meio-dia, não à meia-noite, e com todo mundo assistindo”.

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