“Processo suspeito do começo ao fim”: Oposição questiona compra da Sabesp pela Equatorial

“Processo suspeito do começo ao fim”: Oposição questiona compra da Sabesp pela Equatorial

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Vencedora do leilão teve como gestora uma conselheira que atuou também na Sabesp, o que abre margem para ações.

A oposição ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo levanta suspeitas sobre a oferta da Equatorial para comprar 15% das ações da Sabesp por R$ 6,9 bilhões para tornar-se acionista de referência.

Nesta semana, a Folha de S. Paulo divulgou que o conselho de administração da Sabesp foi presidido por uma gestora que tem passagem pela empresa que venceu o leilão.

A Equatorial, aliás, foi a única empresa que permaneceu até o fim da disputa, com proposta de compra dos 15% das ações da Sabesp por um preço abaixo do valor de mercado, segundo levantamento divulgado pelos parlamentares do Psol.

“Todas as empresas que demonstraram interesse em ser acionistas de referência da Sabesp, como Votorantim, Cosan, J&F, e IG4 Capital, por exemplo, desistiram ao longo do processo pelas imposições contratuais [feitas pela gestão Tarcísio]. Com isso, a Equatorial ofereceu R$ 67 por ação e arrematou 15% da Sabesp, e vai pagar cerca de R$ 10 a menos por ação do que o atual valor de mercado. Para executivos da empresa esse foi o ‘melhor negócio da história’”, comentou no X o deputado federal e pré-candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL).

A Equatorial é uma holding que atua no setor de energia, água e gás, com 20 anos de história e atuação sobretudo em Alagoas, Amapá, Goiás, Maranhão, Pará, Piauí, e Rio Grande do Sul, sendo o terceiro maior grupo de distribuição do país em número de clientes, com 13 milhões de pessoas nas regiões atendidas.

Boulos salientou que “a presidente do conselho de administração da Sabesp era, até 7 meses atrás, integrante do conselho… da Equatorial.”

Karla Bertocco ocupava um cargo no conselho administrativo da Equatorial até dezembro de 2023, faturando cerca de R$ 1,02 milhão ao ano. Ela chegou, segundo a Folha de S. Paulo, a acumular o cargo de conselheira da Sabesp, onde recebe em torno de R$ 160 mil por ano. “Mas o que é interessante é que ela só renunciou ao cargo na Equatorial em 29 de dezembro, 23 dias após a privatização ter sido aprovada na ALESP.”

Para a deputada Sâmia Bomfim, a renúncia pode ter ocorrido para “esconder” eventual conflito de interesses. Folha publicou que não há ilegalidade no fato de Karla Bertocco ter sido conselheira da Sabesp e da Equatorial, mas sua presença em ambos os conselhos “é inadequada e abre margem para que o processo seja questionado.”

“Nós viemos denunciando todos os absurdos da privatização desde o início. Um processo tão suspeito do começo ao fim não tem nenhuma condição de ser benéfico para a população de São Paulo”, avaliou Boulos. Sâmia Bomfim chamou o leilão de “mutreta” patrocinada pelo governo Tarcísio em São Paulo. Ela destacou que houve opressão aos opositores da privatização da Sabesp e também que há muitas críticas em relação aos serviços prestados pelas empresas de saneamento que têm a Equatorial entre seus acionistas.

À Folha de S. Paulo, a Sabesp disse que a passagem de Karla Bertocco pelo conselho administrativo é “anterior ao início da modelagem da privatização” e que sua indicação para o conselho da Sabesp não teve impedimento legal.

*GGN

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