Apoio do Brasil à causa palestina reflete liderança do país como voz do Sul Global, dizem analistas

Apoio do Brasil à causa palestina reflete liderança do país como voz do Sul Global, dizem analistas

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Em entrevista à Sputnik Brasil, especialistas analisam a decisão de Lula de aumentar os repasses à UNRWA e destacam que posições brasileiras contrárias aos interesses de Israel não são novidade na diplomacia brasileira nem uma prerrogativa do governo atual.

O Brasil deseja quadruplicar os repasses feitos à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês), subindo o valor da contribuição de US$ 75 mil (R$ 413 mil) em 2023 para US$ 400 mil (R$ 2,2 milhões) este ano.

A medida foi anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em fevereiro deste ano, em duas ocasiões: em discurso na Liga dos Estados Árabes, no Cairo (Egito) e durante uma visita à Embaixada da Palestina, em Brasília.

“No momento em que o povo palestino mais precisa de apoio, os países ricos decidem cortar a ajuda humanitária à UNRWA. Refugiados palestinos na Jordânia, na Síria e no Líbano também ficarão desamparados. É preciso pôr fim a essa desumanidade e covardia. Basta de punição coletiva. Meu governo fará um novo aporte de recursos para a UNRWA. Exortamos todos os países a manter e reforçar suas contribuições”, disse o presidente em discurso no Cairo.

Além de elevar os repasses à UNRWA, atacada por Israel, o Brasil vai assumir a presidência do conselho consultivo da agência em 2025.

O anúncio vem em um momento de acirramento das relações entre Brasil e Israel. Em entrevista à Sputnik Brasil, especialistas analisam o que move a decisão do governo de ampliar os repasses à agência.

Natalia Reis, professora de história contemporânea do Instituto de Estudos Estratégicos (INEST) da Universidade Federal Fluminense (UFF), enfatiza que “posições brasileiras contrárias aos interesses israelenses não são novidade na história da diplomacia e dos governos brasileiros”, nem “uma prerrogativa do governo Lula”.

“A partir da década de 1970, algumas ações dos governos brasileiros foram interpretadas como anti-israelenses. Como exemplos, temos o voto favorável do Brasil à Resolução 3379 da AGNU [Assembleia Geral das Nações Unidas] em 1975, que condenou o sionismo como uma forma de racismo e discriminação racial; o reconhecimento brasileiro da OLP [Organização para a Libertação da Palestina] como único e legítimo representante do voto palestino; além do estabelecimento de parcerias econômicas e políticas com países inimigos de Israel, como a Arábia Saudita e o Iraque, ao longo do governo de Saddam Hussein.”

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