Após o ex-presidente e pré-candidato às eleições dos Estados Unidos, Donald Trump, ter sido considerado culpado em 34 acusações pelo julgamento criminal de um tribunal em Manhattan, o jornal espanhol El País afirmou, em matéria publicada nesta sexta-feira (31/05), que “nunca antes um criminoso condenado foi candidato de um grande partido com chances de vencer as eleições”.
“Em outros tempos, seria impensável um criminoso concorrer à Casa Branca, mas Trump se encarregou de quebrar todos os esquemas da política norte-americana. Ele sobreviveu a escândalos sexuais, condenações por fraude em seus negócios, dois impeachments no Congresso, suas responsabilidades políticas pelo ataque ao Capitólio e quatro acusações. Ele é capaz de superar uma convicção”, escreveu o veículo, diante da possibilidade do republicano recorrer da condenação.
O El País classificou a decisão histórica do júri como “um terremoto sem precedentes na política dos Estados Unidos, cuja onda de choque é imprevisível”.
Na quinta-feira (30/05), Trump se tornou oficialmente o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a ser condenado por um crime após declarado culpado em todas as 34 acusações referentes à falsificação de registros financeiros, no caso envolvendo um pagamento de suborno à ex-atriz pornô, Stormy Daniels.
O veredicto proferido pelo júri repercutiu nos jornais internacionais, uma vez que se trata de uma condenação histórica a uma figura política com potencial de se tornar candidato pelo partido Republicano na disputa pela presidência norte-americana, diz Rocio Paik, Opera Mundi.
Também nesta sexta-feira, o jornal francês Le Monde afirmou que o termo “culpado” que foi “pronunciado 34 vezes para 34 acusações” teve uma “ressonância global”.
“Uma palavra que expressa tanto a vitalidade do Estado de Direito que foi posto à prova quanto o desafio sem precedentes que a democracia norte-americana enfrenta em um ano eleitoral”, escreveu.
Assim como o Le Monde, o jornal norte-americano The New York Times também destacou o impacto da palavra “culpado” proferida no tribunal de Manhattan. Intitulada ‘Culpado’ e a história está feita, a reportagem classificou o veredicto do júri como “um marco” para a história do país, mas para os apoiadores de Trump, “uma marca sombria”.
A mesma matéria falou sobre a indefinição dos impactos da condenação na campanha presidencial do pré-candidato, lembrando que o republicano “poderia usar a condenação para galvanizar sua base e arrecadar fundos, como fez após prisões em outros casos, três dos quais ainda estão pendentes”.