Diante do quadro de horror que estamos visualizando através das imagens que nos chegam de Gaza, os professores de história já podem dispor de um exemplo muito mais próximo no tempo para levar seus alunos a entenderem o que significou a perversidade do nazismo hitlerista em seu momento.
Já antevendo as críticas dos filo-sionistas por eu fazer uma associação entre o sionismo e o nazismo, já antecipo também minha resposta, que, aliás, já havia sido dado em um texto anterior: no es lo mismo, pero es igual.
Em outras palavras, o sionismo tem inúmeras diferenças com o nazismo, mas naquilo que concerne à crueldade, à perversidade, ao racismo e ao supremacismo, as duas correntes políticas são muitíssimo semelhantes.
Mas, nesta hora tão dolorida para a humanidade, não é infrequente que nos deparemos com pessoas que nos dizem coisas do tipo: “Essa monstruosidade só está indo adiante porque os Estados Unidos permitem. Se os EUA quisessem, o massacre do povo palestino seria interrompido hoje mesmo, já que Israel não passa de uma colônia dos Estados Unidos”.
Lamentavelmente, por mais acertada que seja o reconhecimento da responsabilidade dos Estados Unidos na carnificina que está em curso, a questão é muito mais complexa do que muita gente acredita.
A ideia de que o Estado de Israel age e se comporta exatamente como as colônias mantidas pelas potências europeias sempre foram obrigadas a se comportar deriva de uma incompreensão da natureza da gestação e da manutenção do Estado de Israel.
Uma primeira modesta recomendação que eu faria é a leitura do trabalho básico sobre esta questão produzido há quase duas décadas pelos acadêmicos estadunidenses John Mearsheimer e Stephen Walt, The Israel Lobby and the U.S. Foreign Policy.
O ponto central é entender o papel e o peso do lobby sionista dentro dos Estados Unidos.
E ao falar “lobby sionista”, isso de modo algum significa que eu esteja estendendo seu espectro aos judeus e judias como um todo. Nada disto.
O sionismo é uma ideologia da grande burguesia judaica, voltado para os interesses dos grandes capitalistas que o gestaram e o sustentam. Os judeus e judias como comunidade são outra coisa.
Claro que há judeus e judias sionistas, mas também há muitíssimos deles que são fortemente antissionistas.
Por evidentes propósitos de manipulação, os sionistas se empenham em difundir a crença de que sionismo e judaísmo são equivalentes.
Uma barbaridade como essa equivale à de igualar a ideologia política do nazismo com os alemães como um todo.
Portanto, é fundamental que tenhamos compreensão de como o lobby sionista opera no interior dos Estados, assim como no Brasil e em outros países, para fazer a defesa da política do Estado de Israel, que, no fundo, é fazer a defesa da política que coloca em primeiro lugar os interesses da grande burguesia judaica e os do imperialismo das classes dominantes dos países capitalistas de todo o mundo.
Neste vídeo que apresentamos nestes links (acima e aqui), vamos ter as informações básicas para uma primeira aproximação a esta questão.
Um segundo e importante passo a seguir seria fazer a leitura do livro já mencionado.
*Jair de Souza é economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ – Viomundo.