Até hoje, não me sai da retina o pavão neoliberal, FHC, no Jornal Nacional, anunciando, o que ele classificou como fim da era Vargas, que era a entrega covarde da CSN em Volta Redonda, para um pool de abutres interessados em jogar o Estado no chão e sugar, com sua lógica colonialista, ou seja, devolver o Brasil à condição de país colônia a partir da famosa privataria tucana.
Naquele período, a mensagem martelada pela mídia, a mando dos tubarões, sobretudo do sistema financeiro, era: as estatais são o câncer desse país; Estado precisa diminuir para dar espaço e oxigênio para a modernização que triplicará a quantidade de empregos, via setor privado, com um salário infinitamente melhor.
No caso de Volta Redonda, que sedia a Companhia Siderúrgica Nacional, o que se publicava em jornais, em uníssono com os telejornais, é que, num tempo menor do que cinco anos, a cidade, que teria um oásis de tranquilidade, teria um ganho para a população da cidade muito acima da média nacional do que oferecia a CSN.
Ou seja, a onda globalizada da privatização, a partir do chamado fim da era Vargas, iniciava o desmonte do Estado e, junto, os bens sociais e a alavanca de uma economia que tirou o Brasil de uma secular dependência agrícola a partir de instruções da velha oligarquia escravocrata do café, dividindo o país em antes e depois das indústrias de base implantadas por Getúlio Vargas.
Hoje, 30 anos após os rojões que causaram temores privatistas em todo o Brasil, o que se tem são rachaduras econômicas e sociais e um abalo em toda a estrutura do país, que detona a população e enriquece uma elite econômica barra pesada, que se confunde com a milícia carioca e explica por que a Faria Lima, com aquela mentalidade carcomida dos velhos coronéis, apoiou o hoje politicamente moribundo, Jair Bolsonaro.
Não para aí, a cidade de Volta Redonda , que era um centro de pesquisa e excelência na produção de aço da América Latina, deveria receber o prêmio de “Mato Dentro”, tal a abundância de capim que tomou conta das edificações estratégicas da CSN estatal.
Hoje, qualquer fotografia de Volta Redonda, p0r mais anguloso que seja o registro, automaticamente aparecerá um lugarejo envelhecido precocemente.
Essa é a vitória que a turma do Estado mínimo, que trabalhou pesadamente para a sabotagem do país, destruindo tudo o que fosse recurso num estranho projeto em que o menos vale mais, sem permitir que a população fizesse uma reflexão propositiva sobre o caminho mais certo para o desenvolvimento do Brasil.
O fato é que essa turma, que hoje arrota Estado mínimo, melhor dizendo, Estadinho, não tem a mínima condição intelectual e moral de colocar um slogan canalha na mesa com os números que resultaram numa verdadeira tragédia para o país, justamente porque a privataria foi a maior tragédia econômica da história desse país.