Vídeo: Casa de bomba se rompe em Porto Alegre após chuvas e Centro Histórico da cidade fica debaixo d’água

Vídeo: Casa de bomba se rompe em Porto Alegre após chuvas e Centro Histórico da cidade fica debaixo d’água

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Rodoviária também amanheceu alagada e área de embarque e desembarque ficou inacessível.

Responsável por despejar as águas da chuva de volta ao Rio Guaíba, em Porto Alegre, uma das casas de bombas se rompeu na manhã desta sexta-feira, e a enxurrada invadiu as ruas do Centro Histórico da capital do Rio Grande do Sul. A enchente tomou a Avenida Mauá. A rodoviária da cidade também amanheceu debaixo d’água. A área de embarque e desembarque da estação ficou inacessível.

O rompimento ocorreu na comporta 3, de um conjunto de 14 comportas ao longo de 24 quilômetros de diques externos em 23 casas de bombas que funcionam como barreiras complementares ao muro de concreto erquido no Cenro Histórico. A construção foi iniciada após uma grande enchente em 1941, que afetou a capital gaúcha.

Um vídeo publicado no X (antigo Twitter) por um repórter do Correio do Povo mostra as águas invadindo a Avenida Mauá, no Centro Histórico. O fotógrafo Chico Santana também capturou imagens por meio de um drone na Orla do Guaíba, em Porto Alegre, às 3h10 da madrugada.

Guaíba sobe 8cm por hora e deve atingir 5 metros hoje
As chuvas desta semana que mataram até quinta-feira 29 pessoas no Rio Grande do Sul começaram a levar risco a Porto Alegre, depois de alagar cidades, destruir estradas e o pedaço de uma barragem e levar à retirada de moradores de áreas atingidas no interior. O nível do Rio Guaíba, que banha a capital, pode ter um aumento recorde por causa das tempestades, que devem durar até o domingo. Nesta sexta-feira, o nível do rio chegou a 4m31cm no Cais Mauá, superando a cota de inundação, de 3 metros. É o maior nível do Guaíba desde 1941. A expectativa é de que a água atinja os 5 metros hoje.

Ao atualizar as informações sobre os danos e mortes provocados pelos temporais, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou que a expectativa de especialistas do governo é de que o nível de elevação do Guaíba chegue a um recorde.

— O Guaíba já está em 3,36 m e subindo 8 cm por hora. Nessa madrugada ele já vai chegar a 4 metros, um patamar que nunca vimos. Nossa equipe já fala em 5 metros. Seria maior que a enchente de 1941 — disse Leite, referindo-se à maior cheia que já atingiu Porto Alegre em sua História.

As populações residentes na Zona Sul da capital gaúcha, Barra do Ribeiro, Guaíba, Eldorado do Sul e as ilhas do Guaíba serão as mais atingidas, segundo o hidrólogo Pedro Luiz Camargo, integrante da sala de situação montada pelo governo gaúcho para acompanhar a chuva e organizar o socorro aos atingidos.

A Defesa Civil do Rio Grande do Sul enviou alerta sobre a condição do Guaíba e orientou que moradores que vivem próximo ao rio, em áreas de risco, deixem suas casas. “As pessoas que não tiverem locais alternativos devem buscar informações junto à Defesa Civil da sua cidade sobre os abrigos públicos disponibilizados pelas prefeituras, rotas de fuga e pontos de segurança”, informou o órgão, em comunicado.

Leite voltou a dizer na quinta que os números de mortos, feridos (36) e de outras pessoas e cidades afetadas pela chuva vão aumentar.

— Temos 60 desaparecidos registrados. Mas sabemos que há pessoas desaparecidas em lugares inacessíveis — avisou.

Ao todo, 4,6 mil pessoas foram salvas pelas equipes de socorro, desde o início das tempestades desta semana. Mas o governador apelou novamente, como havia feito na quarta-feira, para que os moradores busquem locais longe de áreas de alagamento apontadas pela Defesa Civil.

— A situação que estamos vivendo é absurdamente excepcional. É o momento mais crítico que o estado terá registro na sua História . É impossível atendermos todos os resgates com as condições climáticas que estamos vivendo — disse Leite, repetindo um alerta feito na quarta-feira.

O ponto mais crítico é a região do Vale do Taquari. De acordo com o governador, já foram detectados mais de 160 pontos na área em que grupos de pessoas pediram ajuda e aguardavam na quinta por resgate. Em setembro, a passagem de um ciclone tropical matou 54 pessoas no mesmo vale.

O Rio Taquari atingiu o maior nível desde 1941 ao ultrapassar a marca de 31 metros na madrugada de quinta-feira. No início da tarde, a chuva acumulada provocou o rompimento da Barragem da Hidrelétrica 14 de Julho, entre os municípios de Cotiporã e Bento Gonçalves, levando à retirada de moradores pela Defesa Civil.

Há o perigo de desastres em outras cinco barragens. O governo orientou moradores a deixar áreas de risco e a procurar abrigos públicos ou outro local de segurança durante a elevação de nível do Taquari em Santa Tereza, Muçum, Roca Sales, Arroio do Meio, Encantado, Colinas e Lajeado.

A catástrofe afetou as cidades turísticas de Gramado e Canela. O governador fez um apelo para que os moradores dos dois municípios da Serra Gaúcha deixem suas casas, assim como em Nova Petrópolis, Vale Real e Feliz, também na região.

Lula promete apoio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve no Rio Grande do Sul na quinta-feira, onde se reuniu com Leite, depois do voo programado sobre Santa Maria ter de ser cancelado devido ao mau tempo. Lula disse que o governo federal não medirá esforços para apoiar financeiramente o estado.

— Não faltará, por parte do governo federal, ajuda para cuidar da saúde, não vai faltar dinheiro para cuidar da questão do transporte, dos alimentos, tudo o que tiver ao alcance. Vamos dedicar 24 horas de esforço para que a gente possa atender as necessidades básicas do povo isolado por causa das chuvas — afirmou o presidente, dizendo que irá “rezar muito” para que as chuvas parem. — Lamentavelmente a gente só não vai conseguir prometer recuperar as vidas das pessoas, porque não está ao nosso alcance, mas a gente vai tentar minimizar o prejuízo.

Leite agradeceu ainda pela ida do presidente, o que “poupa a necessidade de várias ligações”, e disse que os dois alinharam ações de apoio e estrutura para resgates neste primeiro momento e para reconstrução e busca da normalidade num segundo momento.

O governo gaúcho decretou na quarta-feira estado de calamidade pública, com validade de 180 dias, que estabelece que os órgãos e entidades da administração pública devem prestar apoio imediato às áreas afetadas, em colaboração com a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil. O texto também prevê a possibilidade de os municípios afetados pedirem auxílio semelhante.

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