A defesa da democracia não é um fardo a ser suportado, mas sim uma responsabilidade compartilhada por todos os membros da sociedade
A contemporaneidade da sociedade brasileira ressoa com um clamor urgente pela defesa e promoção da democracia como fundamento essencial do Estado de Direito. Em um país marcado por uma história complexa e multifacetada, os democratas têm a missão imperativa de salvaguardar os pilares democráticos em todas as esferas da vida civil, governamental, estatal e privada. A democracia, portanto, não é apenas uma agenda política, mas um princípio intrínseco que permeia o tecido social e define a existência cotidiana dos cidadãos.
A essência da democracia reside na sua capacidade de garantir a participação ativa e igualitária dos cidadãos na tomada de decisões que afetam suas vidas. Nesse sentido, a democracia não é meramente um sistema político, mas uma cultura cívica que exige o engajamento contínuo e a vigilância constante dos seus adeptos. A defesa da democracia transcende os limites partidários e ideológicos, constituindo-se como um compromisso moral e ético com os valores fundamentais da liberdade, igualdade e justiça.
No contexto brasileiro, a urgência democrática se manifesta em diversos desafios e dilemas enfrentados pela sociedade. A crescente polarização política, a erosão das instituições democráticas, a violação dos direitos humanos e a corrupção endêmica são apenas algumas das ameaças que colocam em risco a integridade do regime democrático. Diante desses obstáculos, os democratas têm o dever de resistir às forças antidemocráticas e fortalecer as estruturas democráticas por meio da participação cívica, da mobilização social e da defesa incansável dos princípios democráticos.
A defesa da democracia não é um fardo a ser suportado, mas sim uma responsabilidade compartilhada por todos os membros da sociedade. Os democratas não podem se contentar com a mera observação passiva dos acontecimentos políticos, mas devem assumir um papel ativo na promoção da democracia e na proteção das instituições democráticas. Isso requer um compromisso constante com a educação cívica, a conscientização política e a participação cidadã, a fim de fortalecer os alicerces da democracia e garantir sua sustentabilidade a longo prazo.
Além disso, a urgência democrática exige uma reflexão crítica sobre as condições estruturais que favorecem a exclusão e a desigualdade social. A democracia verdadeira só pode ser alcançada quando todos os cidadãos têm acesso igualitário aos direitos e oportunidades, independentemente de sua origem socioeconômica, etnia, gênero ou orientação política. Portanto, os democratas devem lutar não apenas pela defesa dos direitos civis e políticos, mas também pela promoção dos direitos sociais, econômicos e culturais como elementos essenciais da democracia inclusiva.
Em suma, a urgência democrática na sociedade brasileira convoca os defensores da democracia a assumirem um compromisso renovado com os princípios democráticos e os valores humanos universais. Diante dos desafios e adversidades, é imperativo que os democratas permaneçam firmes em sua convicção de que a democracia é o melhor sistema de governo para garantir a dignidade e a liberdade de todos os cidadãos. Somente através da ação coletiva e da solidariedade democrática podemos construir um futuro mais justo, igualitário e democrático para o Brasil e para as gerações futuras.
* Paulo Baía, Sociólogo, cientista político e professor da UFRJ.