Representação da Hungria pune dois brasileiros que tinham acesso ao monitor com as imagens em tempo real da “visita” do ex-presidente. Participação dos funcionários no caso, no entanto, não foi comprovada.
A embaixada da Hungria demitiu pelo menos dois funcionários brasileiros como forma de punição pelo suposto vazamento das imagens da estadia de dois dias do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Desde que o caso veio à tona, a representação diplomática abriu uma apuração interna para tentar descobrir como os vídeos foram parar no jornal The New York Times, quer revelou a “visita” durante o carnaval e em meio à investigação contra Bolsonaro por tentativa de golpe. No entanto, a embaixada realizou o desligamento mesmo sem comprovar a participação dos funcionários na divulgação.
Segundo informações da CNN, a embaixada da Hungria optou pela demissão de brasileiros que tinham acesso ao monitor que exibia as imagens em tempo real. No período que Bolsonaro esteve na representação diplomática, havia menos funcionários circulando no local devido ao feriado. Quem estava trabalhando, contudo, entrou na mira das investigações internas.
O jornal estadudinense revelou o caso no final de março. A reportagem indica que a hospedagem na embaixada era uma maneira de o ex-presidente se blindar contra uma possível investigação policial. Isso porque a hospedagem entre 12 e 14 de fevereiro ocorreu quatro dias após seu passaporte ser apreendido pela Polícia Federal. E, caso um mandado de prisão tivesse sido expedido, os policiais não poderiam entrar no órgão da Hungria, em Brasília.
Visita?
Provocado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dar explicações sobre a estadia, Bolsonaro tentou alegar, por meio de sua defesa, que não tinha “preocupação com a prisão preventiva”. E que permaneceu duas noites no local, em plena folia, para tratar de “assuntos estratégicos de política internacional de interesse do setor conservador”.
“Diante da ausência de preocupação com a prisão preventiva, é ilógico sugerir que a visita do peticionário à embaixada de um país estrangeiro fosse um pedido de asilo ou uma tentativa de fuga. A própria imposição das recentes medidas cautelares tornava essa suposição altamente improvável e infundada”, argumentou a defesa do ex-presidente no dia 27 de março. Nesse sentido, seus advogados classificaram ainda como “equivocadas quaisquer conclusões” de que ele pudesse pedir asilo diplomático na embaixada.
O Itamaraty também convocou o embaixador da Hungria, Miklós Halmai, para dar explicações sobre o caso na semana passada. Ao Ministério das Relações Exteriores, o embaixador repetiu a versão do ex-presidente de que o recebeu para conversas sobre interesses dos dois países. As respostas, de acordo com informações da imprensa, incomodaram o Itamaraty.