As manifestações de apoio à Palestina tomaram conta da segunda edição do Festival Vermelho que aconteceu em Salvador, na sexta-feira (22/03) e no sábado (23), e que contou com a presença do embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Alzeben. A defesa esteve não só nos debates sobre o genocídio promovido por Israel, mas também nos atos culturais, de modo que a bandeira palestina se tornou um elemento de destaque no evento.
Os apoios emocionaram o embaixador, que se disse lisonjeado com tantas manifestações. Para Ibrahim Alzeben, toda a solidariedade que o povo palestino vem recebendo traz segurança de “que a paz vai chegar, a soberania vai chegar e o Estado palestino também”, como disse em uma entrevista exclusiva para o Portal Vermelho, durante o Festival.
Alzeben ainda avaliou o cenário da Faixa de Gaza, desde os acontecimentos do dia 7 de outubro do ano passado, quando o Hamas lançou um ataque ao sul de Israel, e apontou o caminho para a paz nesse território do Oriente Médio. Confira a entrevista na íntegra abaixo:
Como avalia a situação da Palestina, após os acontecimentos do dia 7 de outubro?
Ibrahim Alzeben – O povo palestino está sofrendo uma chacina, mais um genocídio, que começou em1917 e segue até o momento. Temos aqui, neste caso, dois lados: primeiro, do sofrimento, as perdas humanas, a perdas dos bens, esse sofrimento desnecessário, e, por outro lado, ver que nós não estamos sozinhos, que o mundo inteiro, os povos no mundo inteiro estão se levantando e pedindo, como disse o presidente Lula, “Chega, chega de genocídio, chega de esquecer de fazer justiça na Palestina”. Estamos aguardando justiça desde 1917 até o dia de hoje, e essa justiça vai chegar. Quando vemos tantas vozes solidárias, nos sentimos satisfeitos e seguros de que a paz vai chegar, a soberania vai chegar e o Estado palestino também.
Israel está isolado. Isso pode ser avaliado como um resultado de tantas manifestações de solidariedade ao redor mundo, como a que acontece aqui na Bahia?
Ibrahim Alzeben – Em primeiro lugar, o genocídio que Israel comete, dando as costas a todas essas manifestações de solidariedade, a todas as resoluções da ONU. Assim, a solidariedade é importante, só que Israel está isolado pela sua própria atitude genocida contra o povo palestino e por sua negativa ao direito internacional. E vai seguir sendo isolado. Esperamos que isto seja o fim da ocupação, o fim do sofrimento do nosso povo.
A solução é a criação de dois estados?
Ibrahim Alzeben – Não existe outra forma. A paz se faz entre inimigos. Israel ocupa, Israel nega o reconhecimento do Estado da Palestina, por isso, o caminho é reconhecer o estado palestino. Nós somos um Estado reconhecido por 143 países do mundo e é a hora de que seja este estado reconhecido plenamente nas Nações Unidas, estabelecer no terreno, acabar com esta ocupação de Israel do território. Nós consideramos que a solução começa, no conflito geral, com a criação de dois estados para dois povos, como foi previsto naquela resolução de partilha em 1945.
Como tem sido a experiência no Festival Vermelho?
Ibrahim Alzeben – É um espaço que nós agradecemos muito, em primeiro lugar, este convite para poder conviver com gente solidária, cheia de sentimentos, porque a solidariedade é o sentimento humano mais nobre. Aqui, nos sentimos à vontade. O povo palestino não se sente sozinho quando vê tantas manifestações de solidariedade, de carinho, de seguir as notícias, de prezar seus sentimentos humanos. Nos sentimos em casa aqui nos sentimos, entre amigos. [Estou] Realmente, muito satisfeito, emocionado, quando eu vi esta bandeira [da Palestina] enorme passando por todo o auditório, inclusive outras pessoas com outras bandeiras. Realmente, se sente que está acompanhado, de que, por muito que o inimigo trata de encobrir e trata de anular a questão Palestina, o povo palestino quando vê que uma bandeira Palestina enorme a milhares e milhares de quilômetros de distância, o mundo ainda existe humanidade. Muito obrigado. Mil agradecimentos ao povo brasileiro, a esse Festival Vermelho, que representa o sentimento humano comprometido do povo brasileiro.