Um dos principais líderes do Hamas, Osama Hamdan, declarou nesta quarta-feira (20/03) que a resposta israelense à última proposta de cessar-fogo apresentada pelo grupo palestino foi “negativa e não respondeu às demandas [do povo palestino]”, abrindo margem para que as negociações no Catar não resultem em um acordo.
“Na terça-feira (19/03) à noite, nossos irmãos, os mediadores, nos informaram da posição da ocupação sobre a proposta […] é uma resposta negativa em geral e não responde às demandas. Na verdade, ela retira as aprovações fornecidas aos mediadores anteriormente”, disse o alto funcionário durante uma conferência de imprensa concedida em Beirute, acrescentando que, embora o Hamas tenha mostrado “flexibilidade” com relação às medidas, Israel continuou “procrastinando”, conforme relatou a emissora catari Al Jazeera.
Ainda segundo o veículo, Hamdan também culpou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu — que segue reiterando que pretende invadir a cidade de Rafah, no sul de Gaza — por bloquear a possibilidade do acordo. Além disso, exigiu que os Estados Unidos suspendessem imediatamente o fornecimento de armas a Israel se a nação “realmente quiser acabar com o genocídio” no território palestino.
As negociações sobre um cessar-fogo foram retomadas nesta semana no Catar. Mesmo após semanas desde que a primeira versão do texto foi apresentada, até o momento, não foi possível consolidar um acordo entre as nações em conflito.
A mais recente proposta do Hamas entregue na sexta-feira (15/03) às nações mediadoras consiste em duas etapas. De acordo com o jornal israelense Hareetz, o grupo não forneceu detalhes em relação à duração do acordo bifásico. No entanto, explicou que na fase inicial seriam libertados todos os reféns israelenses dentro da categoria de doentes, idosos, crianças e mulheres, em troca da libertação de 700 a 1.000 palestinos presos em Israel, incluindo 100 em condição de prisão perpétua.
Já na segunda fase, “todos os detidos de ambos os lados seriam libertados”, sendo fixada também uma data para um cessar-fogo permanente e retirada total da ocupação israelense na Faixa de Gaza.