A Oxfam denuncia protocolos de inspeção “injustamente ineficazes”, que geram atrasos de “vinte dias em média” para permitir a entrada de caminhões no território palestino, incluindo “ataques contra pessoal de organizações humanitárias, estruturas de ajuda e comboios humanitários”.
“Apesar da sua responsabilidade como potência ocupante, as práticas e decisões de Israel continuam a bloquear e impedir sistemática e deliberadamente qualquer resposta humanitária internacional significativa na Faixa de Gaza”, escreveu a Oxfam no seu relatório.
De acordo com os dados da ONG, 2.874 caminhões entraram no território palestino em fevereiro, o que significa “apenas 20% da ajuda diária” que entrava antes do ataque de 07 de outubro em Israel.
Além disso, a Oxfam aponta o bloqueio “diário” de determinados equipamentos classificados como de “dupla utilização”, materiais considerados passíveis de utilização para fins militares.
A Oxfam explica que em uma de suas remessas, sacos de água e kits de análise de água foram rejeitados “sem motivo”, antes de serem finalmente aprovados, posteriormente.
Certos equipamentos essenciais ao trabalho do pessoal no campo, como equipamentos de comunicação e proteção ou geradores para alimentar em energia os escritórios, também estão sujeitos a “restrições”.
A ONG aponta, ainda, “restrições de acesso” para os trabalhadores humanitários, principalmente no norte da Faixa de Gaza.
Condições “piores do que catastróficas”
Israel realiza uma vasta operação militar em Gaza, em retaliação ao ataque do Hamas em seu território, no dia 07 de outubro, e que resultou na morte de pelo menos 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Desde então, mais de 31.600 pessoas foram mortas no enclave palestino, de acordo com o Ministério da Saúde palestino, enquanto 1,7 milhões de habitantes, numa população de 2,4 milhões, foram deslocados de seu território, segundo a ONU.
Na tentativa de entregar mais ajuda humanitária na Faixa de Gaza, foram realizados lançamentos aéreos de alimentos e a comunidade internacional começou a entregar suprimentos por via marítima.
“As condições que observamos em Gaza são piores do que catastróficas”, conclui a Oxfam sobre o território à beira da fome.
De acordo com a ONG, a determinação do Exército israelense de bloquear a entrada seja de alimentos, mas também de equipamentos médicos, viola o direito humanitário internacional