A lamentável figura de Nikolas Ferreira, deputado federal por Minas Gerais, foi o escolhido para presidir a Comissão de Educação (CE) da Câmara. Seu partido, o PL — maior bancada no Congresso —, ganhou a prioridade na indicação das comissões. Para preservar o anel da Comissão de Saúde, o PT entregou o dedo da Educação.
Mais do que um holofote, coisa que sempre interessa aos bolsonaristas, a CE é um posto nobre no funcionamento da Câmara. Como as comissões têm poder de pauta, quem está na presidência influencia quais projetos de lei serão debatidos, analisados e, se for o caso, encaminhados para votação em plenário.
A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) costuma ser a primeira escala. É ela que analisa a constitucionalidade dos projetos. Quando o tema do projeto de lei é educação, política e sistema educacional, ele segue para apreciação na CE.
A dobradinha entre Nikolas e a também bolsonarista Carol de Toni (PL-SC), presidente da CCJ, é esperada. O fast track da extrema direita pode dar luz às pautas antieducativas promovidas pelo grupo.
O vídeo a seguir, peça de campanha de Nikolas durante as eleições de 2022, traz um possível resumo da ópera: defesa do homeschooling; soluções do sistema de ensino privado às escolas estatais; incluir no ECA a tipificação do crime de doutrinação política nas escolas públicas; erradicar o sistema de cotas raciais. Tudo amarrado com o lacre nonsense no final: “Paulo Freire nunca mais”.
Paulo Freire? Nunca mais. pic.twitter.com/wh3oTgh2eB
— Nikolas Ferreira (@nikolas_dm) September 4, 2022
Que bizarrices desse quilate avancem para se tornar leis factíveis é algo a se discutir. Se avançarem, serão questionadas na Justiça. É desanimador, porém, que uma área com tantas problemas concretos como a educação se encontre submetida aos delírios das cortinas de fumaça do bolsonarismo.