Ex-comandante do Exército confirmou que houve reuniões que discutiram a minuta do golpe, corroborando a colaboração de Cid.
Investigados por suposta tentativa de golpe de Estado temem que o depoimento do general Marco Antonio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, tenha sido mais abrangente que a própria delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O ex-comandante do Exército prestou esclarecimentos por oito horas à Polícia Federal. Como antecipou a CNN, Freire Gomes confirmou que houve reuniões que discutiram a minuta do golpe, corroborando a colaboração de Cid.
A preocupação sobre o testemunho de Freire Gomes é que ele, como então comandante do Exército, participou de encontros e tratativas que muitas vezes o ex-ajudante de ordens não entrava pela sensibilidade dos temas e até mesmo por uma questão de hierarquia.
Como comandante do Exército, Freire Gomes tratava diretamente com o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, e com Jair Bolsonaro em reuniões com a presença de comandantes da Marinha, almirante Almir Garnier, e o da Força Aérea Brasileira (FAB), tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Júnior.
A avaliação de advogados da Defesa é que depoimento de Freire Gomes possa trazer novos desdobramentos e até mesmo atores novos para suposta trama golpista. Além disso, acreditam que o ex-comandante do Exército possa ter sido questionado sobre a participação de cada um dos envolvidos na investigação.
De acordo com a investigação, Freire Gomes e Baptista Junior não teriam aderido à proposta de golpe. Os dois prestaram depoimento em condição de testemunha. O ex-comandante da FAB também confirmou as reuniões para discutir a minuta de golpe, segundo fontes da PF.
Ainda segundo as investigações, o almirante Almir Garnier teria concordado com um golpe de Estado e teria colocado suas tropas à disposição de Bolsonaro. Intimado a prestar depoimento, o ex-comandante da Marinha ficou em silêncio.