A Operação Escudo deflagrada pela Polícia Militar de São Paulo em 2023 na Baixada Santista, litoral paulista, foi rebatizada como Operação Verão e é alvo de críticas por suposta retaliação. Iniciada em dezembro com o foco no movimento do turismo, a medida ganhou novas fases e intensificou o contingente depois de novas mortes de integrantes da corporação.
O que a mudança de nome não alterou foi a letalidade policial. Na verdade, a nova fase tem sido até mais contundente. Nesta terça-feira (20), a atual Operação já chegou a 28º morte de suspeito e igualou a marca do ano anterior em um menor espaço de tempo – sem previsão de acabar.
De acordo com o g1, na Escudo – deflagrada depois da morte do PM da Rota Patrick Bastos Reis, em julho de 2023 – se chegou a vinte oito mortos em 40 dias, agora com a Verão – iniciada após a morte do soldado PM da Rota Samuel Wesley Cosmo – foram apenas 17 dias, segundo o Vermelho.
O alto número chama a atenção para ações motivadas como “vingança” ao assassinato de policiais. Grupos de direitos humanos cobram para que as mortes sejam apuradas e que todas as ações sejam gravadas por meio do uso de câmeras corporais.
Entre os mortos estão: José Marcos Nunes da Silva, de 45 anos, catador de recicláveis; Rodnei Sousa, de 28 anos, motorista de aplicativo; e o adolescente Gabriel de Sena, de 14 anos, entre outros.
Segundo a PM, a Operação é acompanhada pela 3ª Delegacia de Homicídios da Deic de Santos (SP), Ministério Público e pelo Poder Judiciário.
As mortes na atual Operação são registradas desde 3 de fevereiro. Na terceira fase o gabinete da Segurança Pública foi transferido para a cidade de Santos, medida que perdurou até segunda (19). A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que nos 40 dias da Escudo, além dos suspeitos mortos, 958 pessoas foram detidas. Na Operação Verão é indicado que foram presas 681 pessoas até o momento.
Ouvidoria
Em entrevista ao Portal Vermelho no início do mês, o ouvidor das polícias do estado de São Paulo, Cláudio Aparecido da Silva, disse que acompanha os acontecimentos e que encaminha os casos para a Corregedoria, além de acionar o Ministério Público para que acompanhe in loco. Na ocasião eram ainda 12 mortes.
Direitos Humanos
A Conectas Direitos Humanos, a Defensoria Pública de São Paulo, o Instituto Vladimir Herzog e Fórum de Segurança Pública apresentaram denúncia à ONU (Organização das Nações Unidas) e CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos) em que questionam a retomada da Operação Escudo, agora renomeada Verão.
“A situação de violência na região tem se acirrado, pois enquanto a Operação Escudo continuar a promover execuções sumárias e a política de segurança pública adotada pelo governo do Estado de São Paulo se perpetuar inalterada, a população das comunidades locais vítimas dessas ações policiais está sentenciada a viver um terror institucionalizado, correndo sérios riscos de terem seus direitos violados, serem criminalizadas e sobretudo sofrer com a violência direta contra pessoas negras“, traz o documento.
No apelo são feitos onze pedidos que podem ser conferidos aqui. Entre eles constam o pedido pelo fim da Operação e transparência nos dados relacionados às Mortes Decorrentes de Intervenção Policial em São Paulo.