Israel bombardeia cidade de Rafah que abriga 1,3 milhão de palestinos refugiados da guerra em Gaza

Israel bombardeia cidade de Rafah que abriga 1,3 milhão de palestinos refugiados da guerra em Gaza

Compartilhe

Milhares de palestinos chegaram na cidade após uma vasta ofensiva israelense para tomar a cidade vizinha de Khan Yunis, principal centro urbano no sul do enclave.

A cidade de Rafah, onde cerca de 1,3 milhão de palestinos se refugiaram e estão ameaçados pela guerra em Gaza, foi palco de intensos ataques israelenses neste sábado (03/02), em um momento em que diplomatas tentam impor uma nova trégua em um cenário de turbulência regional.

De acordo com as autoridades de saúde de Gaza, 18 palestinos foram mortos nas últimas horas por ataques aéreos israelenses em Rafah e Deir al Balah, as duas últimas cidades da Faixa de Gaza onde o exército do Estado de Israel ainda não foi mobilizado e onde os habitantes agora temem operações terrestres.

Pouco depois da meia-noite de sexta (02/02) para sábado, um jornalista da AFP ouviu fortes estrondos na cidade que faz fronteira com o Egito, no extremo sul da Faixa de Gaza.

O Ministério da Saúde do Hamas anunciou a morte de pelo menos 100 civis durante a tarde e a noite, incluindo 14 pessoas mortas na madrugada de sábado, em ataques a duas residências em Rafah, incluindo mulheres e crianças. O exército israelense declarou que “ao contrário dos ataques intencionalmente realizados pelo Hamas contra homens, mulheres e crianças” – em alusão à ofensiva de 7 de outubro – as forças de defesa do Estado sionista “respeitam o direito internacional e tomam todas as precauções possíveis para mitigar os danos aos civis”.

De acordo com o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, o exército se prepara para intensificar sua ofensiva em Rafah, localizada no sul do território palestino, perto da fronteira com o Egito.

Dezenas de milhares de palestinos chegaram a Rafah nos últimos dias, após o lançamento de uma vasta ofensiva israelense para tomar a cidade vizinha de Khan Yunis, o principal centro urbano no sul do enclave, onde, segundo o exército israelense, o comando local do movimento islâmico palestino Hamas estaria escondido.

“Tudo ficou preto, eu não conseguia ver o que estava à minha frente. Nada além de poeira e sujeira. Toquei o que estava ao meu redor, procurei meu celular para acender a luz e procurar meus filhos. Eu os encontrei sob os escombros”, disse Ahmed Bassam al Jamal, cujo filho foi morto.

População palestina sucumbe

A população palestina deslocada em Rafah equivale a mais da metade dos 2,4 milhões de habitantes do território. De acordo com a ONU, eles têm suas vidas ameaçadas em pleno inverno do hemisfério norte pelo risco de fome e epidemias.

Enquanto a guerra continua sem cessar-fogo, diplomatas tentam negociar uma segunda trégua, mais longa do que a de uma semana intermediada pelo Catar, Egito e Estados Unidos, que levou à libertação de cerca de 100 reféns israelenses em troca de palestinos presos por Israel, no final de novembro.

O Ministério da Saúde de Gaza disse que os bombardeios israelenses em torno dos dois principais hospitais de Khan Yunis continuavam, colocando em risco a vida de cuidadores, pacientes e pessoas que se refugiaram nesses estabelecimentos.

Em Gaza, no norte do enclave, moradores palestinos e ativistas armados disseram que os combates também continuavam. Duas pessoas foram mortas por tiros de franco-atiradores, de acordo com fontes médicas, e as forças israelenses efetuaram prisões no subúrbio de Tel al Hawa, ao sul.

De acordo com os últimos números do Ministério da Saúde de Gaza, divulgados no sábado, pelo menos 27.238 palestinos foram mortos e 66.452 ficaram feridos na ofensiva lançada por Israel.

EUA realizaram ataques no Iraque e na Síria

Nesta semana, o Hamas recebeu uma nova proposta de cessar-fogo elaborada por Israel e pelos Estados Unidos e encaminhada pelo Egito e pelo Catar. O chefe do escritório político do Hamas, Ismail Haniyeh, disse na sexta-feira que havia discutido a proposta com seu aliado, a Jihad Islâmica, e com o chefe da Frente Popular para a Libertação da Palestina.

De acordo com um comunicado de imprensa do Hamas, as discussões enfatizaram que qualquer negociação deve levar a uma cessação completa das hostilidades, à retirada do exército israelense da Faixa de Gaza e ao levantamento do bloqueio ao enclave, bem como à ajuda para a reconstrução e a uma troca abrangente de detidos. Por sua vez, Israel diz que quer erradicar o Hamas do território e libertar todos os reféns ainda mantidos por militantes palestinos antes de considerar qualquer retirada de suas tropas.

Enquanto isso, os EUA realizaram mais de 100 ataques no Iraque e na Síria, tendo como alvo a Guarda Revolucionária Iraniana e grupos pró-iranianos. A intervenção militar norte-americana na noite de sexta-feira durou cerca de 30 minutos e foi “um sucesso”, de acordo com a Casa Branca, que mais uma vez afirmou que não queria uma “guerra” com o Irã.

Um total de 85 alvos em sete locais diferentes (quatro na Síria e três no Iraque) foram atingidos, disse John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

A Síria e o Iraque denunciaram os ataques mortais norte-americanos em seus territórios. O Irã, por sua vez, “condenou veementemente” esses ataques e denunciou “uma violação da soberania da Síria e do Iraque”. Todos devem evitar que a situação “se torne explosiva”, alertou Josep Borrell, chefe da diplomacia europeia.

Compartilhe

%d blogueiros gostam disto: