A interrupção dos transportes marítimos no Mar Vermelho está provocando um aumento nos preços e potencial deterioração de alimentos perecíveis, ameaçando o abrandamento da inflação alimentar global, conforme relata a Bloomberg.
De acordo com o relatório, o caos na região está afetando o transporte de produtos variados, incluindo café e frutas, e pode reverter a tendência de desaceleração da inflação alimentar, trazendo preocupações aos consumidores.
Navios carregando alimentos estão evitando a área devido aos ataques Houthi, optando por rotas mais longas e dispendiosas ao redor da África, o que aumenta o risco de deterioração dos produtos perecíveis.
Exportadores italianos expressaram preocupações sobre o potencial estrago de frutas como kiwis e cítricos durante o transporte prolongado, enquanto o gengibre chinês já apresenta aumento de preço. Há relatos de atrasos em carregamentos de café africano e desvios de cereais do Canal de Suez, diz O Cafezinho.
Nitin Agrawal, diretor-gerente da Euro Fruits, destacou o impacto financeiro significativo dessa situação, com o aumento dos custos de frete e tempo de trânsito.
Massimiliano Giansanti, presidente do grupo agrícola Confagricoltura, também ressaltou preocupações similares para exportadores italianos.
A indústria de carne está igualmente afetada, com atrasos em envios de carne de búfalo da Índia e preocupações quanto à carne de porco, lacticínios e vinho europeus, bem como importações de chá e especiarias.
A empresa de inteligência Kpler reportou que cerca de 1,6 milhão de toneladas de grãos foram desviados para outras rotas nas últimas semanas.
O impacto no transporte marítimo também se reflete nos seguros, com algumas seguradoras evitando cobrir navios dos EUA e do Reino Unido contra riscos de guerra na região, segundo Marcus Baker, da Marsh.
A petrolífera Shell Plc e a gigante marítima Mitsui OSK Lines Ltd. estão entre as empresas que interromperam o trânsito de petroleiros pelo Mar Vermelho, enquanto as taxas de risco de guerra dispararam após os recentes ataques dos EUA e do Reino Unido ao Iêmen.