Uma pesquisa Instituto de Democracia de Israel (IDI) mostrou que somente 15% dos israelenses apoiam a permanência de Benjamin Netanyahu como primeiro-ministro após o fim da guerra do país com o Hamas. O estudo divulgado na terça-feira (2) ainda revela que 56% acreditam que a ofensiva militar é o melhor meio para libertar reféns, enquanto 24% enxergam que o melhor caminho seria a realização de troca de reféns, como já ocorreu por um curto período de trégua.
Ainda estão em Gaza como reféns cerca de 129 pessoas, sendo que mais de 100 já foram libertadas pelo Hamas pelos acordos de troca.
O levantamento foi feito com 746 entrevistados entre 25 e 28 de dezembro. Pesquisa do mesmo Instituto, divulgada em dezembro, concluiu que 69% dos israelenses apoiam a realização de novas eleições tão logo termine a guerra.
Estes sinais revelam o enfraquecimento da gestão Netanyahu e mostram que primeiro-ministro segue na berlinda com queda na popularidade em consequência do avançar da guerra, na qual ele disse que ainda levará muitos meses para terminar – o que traz preocupação quanto a um prolongamento dos ataques como forma de se manter no poder uma vez que a sociedade clama pela troca de comando, segundo o Vermelho.
Os ataques de Israel a Gaza já vitimaram 22 mil palestinos, entre eles 10 mil crianças, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.
Suprema Corte
O governo de Netanyahu, que estava agindo de forma indiscriminada, sem moderação do judiciário, teve um revés logo no primeiro dia do ano. A Suprema Corte de Israel derrubou parte da reforma do primeiro-ministro que limitou parte dos poderes da própria corte durante parte de 2023 e levou milhares de israelenses para as ruas em protestos que duraram até a eclosão da guerra.
Por 8 a 7, a emenda à Lei Básica que impedia a Suprema Corte de anular decisões do governo foi derrubada. Foi a primeira vez que ocorreu rechaço a uma das Leis Básicas (parte do direito constitucional do país) ou emendas.
A partir de agora, a Corte volta a ter poderes para impedir decisões do governo. Em um outro momento analistas apontam que a decisão geraria grande tensão, com incitação para o não cumprimento das decisões da Suprema Corte pelo governo, o que criaria uma crise institucional entre os poderes.
No entanto, os problemas de Netanyahu agora são externos, o que fez com que não houvesse reação sobre a decisão do judiciário logo nos primeiros momentos de 2024.
Com a reputação em frangalhos e com pesquisas que mostram que ele não deve seguir no cargo depois do fim da guerra, o receio é que agora o fim do conflito se torne indefinido como forma de perpetuação de comando.