Câmara de SP aprova criação de CPI das ONGs, que tem padre Júlio Lancellotti como alvo

Câmara de SP aprova criação de CPI das ONGs, que tem padre Júlio Lancellotti como alvo

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Iniciativa é de um dos fundadores do MBL, Rubinho Nunes (União), e mira trabalho filantrópico do religioso realizado na Cracolândia.

O vereador de São Paulo Rubinho Nunes (União Brasil), um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL), conseguiu o aval de seus colegas para aprovar a criação da CPI das ONGs na Câmara paulistana. A iniciativa, que obteve 25 assinaturas, mira a atuação do padre Júlio Lancellotti, da Paróquia de São Miguel Arcanjo, que realiza trabalho filantrópico na Cracolândia, localizada na região central da capital. A expectativa é de que a comissão seja instalada no retorno do recesso, que termina em primeiro de fevereiro. A informação foi inicialmente divulgada pelo jornal “A Folha de S.Paulo” e confirmada pelo GLOBO.

O requerimento inicial mira, principalmente, duas entidades que realizam trabalho comunitário destinado à população de rua e aos dependentes químicos da região: o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar) e no coletivo Craco Resiste.

Nunes acusa o religioso de fazer parcerias com elas. Ao GLOBO, o vereador disse receber “inúmeras denúncias” sobre a atuação de várias ONGs no Centro de São Paulo, que dão alimentos, mas não realizam o acolhimento dos vulneráveis:

— Existe uma chamada máfia da miséria para obter ganhos por meio da boa-fé da população e isso não é ético e nem moral. O padre Júlio é o verdadeiro cafetão de miséria em São Paulo. A atuação dele retroalimenta a situação das pessoas. Não é só comida e sabonete que vai resolver a situação.

À “Folha de S. Paulo”, Padre Júlio Lancellotti negou qualquer relação com as entidades e afirmou não fazer mais parte da Bompar há 17 anos. No passado, o padre chegou a atuar enquanto conselheiro.

— Elas são autônomas, têm diretorias, técnicos, funcionários. A Câmara tem direito de fazer uma CPI, mas vai investigar e não vai me encontrar em nenhuma das duas.

Esta não é a primeira vez que o vereador critica o padre publicamente. Em dezembro, o convocou a prestar depoimento na Frente Parlamentar em Defesa do Centro, o que gerou críticas de políticos da esquerda como a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

— As ONGs e demais cafetões da miséria vão ter que se explicar — afirmou Rubinho Nunes na ocasião.

Nas redes sociais, a criação da CPI recebeu críticas de parlamentares e membros da sociedade civil. Na manhã desta quarta-feira, o nome de padre Júlio chegou aos assuntos mais comentados do X (antigo Twitter). O deputado federal Nilto Tatto (PT) foi um dos que demonstrou insatisfação com a iniciativa e ainda alfinetou Rubinho Nunes: “Parece que a cidade de São Paulo não tem nenhum problema que mereça a atenção do vereador”, escreveu em seu perfil no X (antigo Twitter).

Já Erika Hilton (PSOL-SP) disse ser um absurdo uma CPI para investigar ONGs que acolhem pessoas em situação vulnerável. “Tinha que ser obra dos mimados e criados a danoninho do MBL”, afirmou.

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