Diante de milhares de apoiadores, e de costas para o Congresso, o presidente da Argentina, Javier Milei, afirmou neste domingo (10) que fará um drástico ajuste fiscal de 5% do PIB, que “cairá sobre o Estado e não sobre o setor privado”. E admitiu que haverá duras consequências sociais, com queda de atividade econômica, desemprego e miséria, além de inflação.
“Não há alternativa ao ajuste. Logicamente isso vai impactar o nível de atividade, o emprego, os salários reais, a quantidade de pobres e indigentes. Haverá inflação. Mas não é algo diferente do que aconteceu nos últimos 12 anos. Há mais de uma década vivemos com essa inflação. Então esse é o momento de começar com a reconstrução da Argentina. Depois desse ajuste macro, a situação começará a melhorar, haverá luz no final do túnel. No caso alternativo, a proposta progressista, cuja única fonte de financiamento é a emissão de dinheiro, a consequência seria uma hiperinflação e uma espiral decadente que nos nivelaria à Venezuela de [Hugo] Chávez e [Nicolás] Maduro. Depois de semelhante situação, não pode restar dúvidas de que a única possibilidade é um ajuste, um ajuste organizado com força no Estado, e não sobre o setor privado”.
Em tom apoteótico, comparou sua eleição à queda do Muro de Berlim e disse que “hoje começa uma nova era de paz e prosperidade”. No entanto, frisou que “nenhum governo recebeu uma situação pior do que estamos recebendo”. Repetiu que “não há dinheiro” e frisou ainda que a situação da Argentina é de emergência “em todas as esferas”.
Após fazer um apanhado da história política do país, Milei criticou as escolhas políticas e econômicas das últimas décadas. “Hoje enterramos décadas de fracasso e brigas sem sentido”, afirmou, em um ataque ao que chamou durante a sua campanha de “casta” da política, diz a Folha.
O presidente eleito assegurou que atualmente a inflação mensal da Argentina está entre 20% e 40% e acusou o governo de Fernández e da ex-vice-presidente Cristina Kirchner de terem “deixado plantada uma hiperinflação”.
— Arruinaram nossa vida. Nossa máxima prioridade é evitar uma catástrofe — enfatizou Milei, que também disse que a situação em matéria de segurança, saúde e educação é grave.
“Durante mais de 100 anos, os políticos insistiram em defender um modelo que só gera pobreza e miséria. Um modelo que considera que os cidadãos existem para servir a política, e não que a política serve os cidadãos”, disse.
Em seguida, explicou suas propostas, em tom de justificativa, focando especialmente na economia.
“Cem anos de fracasso não se desfazem em um dia, mas um dia começa. E hoje é esse dia. Hoje começamos a sair do caminho da decadência e começarmos a traçar o caminho da prosperidade.”
Pobre Argentina!