Escolhido pelo presidente Lula ao Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino chegará na corte, se for aprovado pelo Senado, com arestas a aparar com um novo colega: o ministro André Mendonça.
Segundo nome indicado por Jair Bolsonaro para compor o Supremo, Mendonça fazia críticas a Dino, a portas fechadas, sempre que tinha oportunidade. Em reservado, sinalizou a diferentes ministros da corte que não considerava Dino o melhor nome para suceder Rosa Weber.
O magistrado dizia, nos bastidores, que o ministro da Justiça “falava demais”, referindo-se às frequentes entrevistas que Dino concedia, a afirmava que ele “perseguia” determinadas pessoas. A visão de Mendonça está alinhada à de bolsonaristas, que consideram o indicado ao STF um de seus algozes no governo Lula, diz Bela Megale, O Globo.
Em setembro, Mendonça e Alexandre de Moraes, este último defensor da indicação de Dino, chegaram a bater boca no plenário sobre o papel do ministro da Justiça nos atos golpistas de 8 de janeiro. Mendonça disse que “carecia de respostas” sobre como o Palácio do Planalto foi invadido” e citou seu tempo à frente da pasta. Ele foi interrompido por Moraes, que disse: “Vossa excelência querer falar que a culpa do 8 de janeiro é do ministro da Justiça é um absurdo”.
O nome que tinha mais simpatia de Mendonça era do advogado-geral da União, Jorge Messias. Como ele, Messias é evangélico e faz sua trajetória na AGU.
Seis horas após a indicação de Dino, Mendonça seguia como um dos poucos magistrados que não se pronunciaram, parabenizando o ministro da Justiça pela indicação.
Já Kassio Nunes Marques, que chegou a se reunir com Dino durante o período em que ele buscava se viabilizar para o Supremo, fez elogios à escolha.
“A indicação de Flávio Dino para o cargo de ministro do Supremo traz fôlego ao Tribunal no enfrentamento de questões relevantes para a sociedade. Tendo desempenhado funções na academia, na magistratura federal, no Congresso e, por último, no Ministério da Justiça, a experiência profissional o credencia para o trabalho de guarda intransigente da Constituição da República”, disse.