A Sputnik entrevistou especialistas sobre a questão, com eles enumerando as razões para o petróleo não ser aplicado contra o apoio a Israel, que tem retribuído desproporcionalmente na Faixa de Gaza.
No último mês Israel tem organizado bombardeios e ataques mortíferos contra a Faixa de Gaza em resposta à violenta incursão do Hamas em 7 de outubro, provocando várias vezes mais mortes palestinas do que israelenses.
Por que os países do golfo Pérsico não usam o petróleo para pressionar os países ocidentais a parar o bombardeio de Israel em Gaza? A Sputnik discutiu a situação com os especialistas.
Na opinião do analista político saudita Saad al-Hamid, o petróleo deve ser deixado de fora da política, pois Riad prefere exercer pressão política.
“Anteriormente, a Arábia Saudita não ficou do lado dos EUA na crise ucraniana. Isso desempenhou um papel positivo na estabilização dos preços e da produção petrolífera. O Reino da Arábia Saudita está olhando para o futuro. As decisões tomadas devem beneficiar os membros da OPEP e não os prejudicar”, crê ele.
A questão do corte do fornecimento de petróleo pode ser usada nas negociações se Israel não interromper os ataques a Gaza e continuar em guerra. Ao mesmo tempo, a Arábia Saudita e os outros países do golfo Pérsico estão interessados em resolver o conflito pacificamente, pois o uso do trunfo petrolífero pode também afetar outros países consumidores dele, como a China.
“Israel e aqueles que o apoiam não correrão o risco de prolongar a guerra. Eles terão medo da pressão do petróleo. Temos a crise ucraniana diante de nós e como ela afetou muito a América e a Europa no setor de energia. Há uma grande probabilidade de recessão, o que aumentará o preço do petróleo para os países ocidentais”, prevê.
Enquanto isso, Husam al-Dajni, especialista palestino da Faixa de Gaza, disse à Sputnik que “os países do golfo [Pérsico] não usam a arma do petróleo para pressionar Israel, os EUA e a Europa porque, em primeiro lugar, eles não têm vontade de entrar em um confronto aberto com o governo dos EUA e os países da UE. Os países árabes estão bem cientes das consequências de tal confronto para suas economias e interesses”.
Em segundo lugar, argumentou ele, ainda está sendo formado um novo polo político que poderia ser integrado por esses países petrolíferos, pois ainda não há uma força que esteja pronta para defender todos esses países se forem atacados por países ocidentais.
“Em terceiro lugar, a dependência do sistema econômico árabe regional em relação aos EUA é muito grande. É preciso ter outras circunstâncias, políticas [e] líderes, para tomar uma decisão contra os interesses americanos. Tudo isso não está presente no momento”, concluiu.