Egito e Catar, países que estão na linha de frente de negociações por uma pausa humanitária na Faixa de Gaza, esperam anunciar um acordo amanhã, sugerem fontes egípcias ao Haaretz. A negociação prevê a libertação de alguns reféns em troca da trégua temporária no enclave palestino. Pelo menos 240 pessoas — civis e militares — foram sequestradas durante o ataque terrorista do Hamas contra o território judeu, no dia 7 de outubro.
Fontes do governo egípcio informaram, segundo o Wall Street Journal, que as tratativas abordam a libertação de no máximo 15 reféns em troca de uma pausa humanitária de 48 horas, segundo O Globo.
A negociação já teria sido aceita pelo Hamas, mas Israel e Estados Unidos ainda continuam sendo pressionados pelo Egito a aceitar o acordo. A “duração” seria um dos obstáculos, informou uma fonte do Hamas à AFP. Quase metade dos reféns a serem libertados, caso o acordo seja bem-sucedido, são americanos.
As pausas — “táticas” e “localizadas” — estão sendo consideradas pelos israelenses visando o aumento da entrada de ajuda humanitária através da passagem de Rafah, sob controle do Egito, e para permitir o êxodo de civis, informou um alto funcionário do Estado judeu ao Wall Street Journal. Um cessar-fogo, contudo, só seria cogitado mediante a soltura de todos os reféns.
A resposta é similar à declaração feita pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, durante entrevista à ABC News nesta terça-feira, ao mostrar-se mais aberto a pequenas pausas táticas, “uma hora aqui, uma hora ali”, mas rejeitando um cessar-fogo total.
O tema tem ganhado tração nas últimas semanas, até entre grandes aliados israelenses. Temerosos com a escalada do conflito para uma guerra regional, líderes globais têm aumentado a pressão sobre Israel por causa da intensificação de sua ofensiva contra o enclave palestino.
O presidente dos EUA, Joe Biden, pediu uma “pausa” nas hostilidades para permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza e ajudar a libertar os reféns, proposta reiterada pelo secretário de Estado americano, Antony Blinken, durante sua segunda viagem a Tel Aviv. O chefe da política externa da União Europeia, Josep Borrell, afirmou que paralisações temporárias são “urgentes”. Nesta quarta, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou durante entrevista coletiva com o presidente da Hungria, Katalin Novak, que seus aliados também apoiam pausas humanitárias, segundo a Reuters.
Em um mês de guerra, Gaza soma mais de 10,5 mil mortos e 26 mil feridos, além de milhares de construções destruídas. O enclave tem recebido menos ajuda humanitária do que o necessário, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), enquanto a entrega de combustível segue proibida — paralisando hospitais e ambulâncias. Milhares de pessoas foram deslocadas do norte para o sul de Gaza, que segue sendo bombardeado, ao passo que nem mesmo os edifícios de agências neutras, como a Agência da ONU para a Palestina (UNRWA), estão a salvo de ataques.
Até o momento, apenas quatro reféns foram libertados — todas mulheres. As primeiras foram Judith Raanan, de 59 anos, e Natalie Raanan, de 17, mãe e filha, respectivamente. Depois, foram Nurit Yitzhak, de 80 anos, e Yocheved Levschitz, de 85 anos. Uma soldado detida em território palestino também foi resgatada pelo Exército.
No fim de outubro, representantes das famílias das mais de 200 pessoas que são mantidas reféns exigiram respostas de Netanyahu depois de uma reunião com o chefe de Estado israelense. Muitos consideram o primeiro-ministro o culpado pela situação atual.
O grupo, chamado de Fórum das Famílias dos Reféns e Desaparecidos, também pressionou para que o governo aceitasse uma oferta de troca dos reféns por prisioneiros palestinos, algo que foi proposto pelo Hamas no mês passado.
As famílias demonstraram preocupação com a extensão dos bombardeios na Faixa de Gaza — segundo o Hamas, 50 reféns morreram depois dos ataques aéreos, e outros sete teriam morrido após ataque de Israel ao campo de refugiados Jabaliya. A informação não pode ser confirmada de maneira independente.