Em conversa com a Sputnik Brasil, especialistas analisaram a nova posição dos EUA no xadrez geopolítico global em relação à Arábia Saudita: se aproximarem de vez ou verem os chineses tomarem a dianteira?
Os EUA e a Arábia Saudita conservam relações históricas de aproximação, o que ajudou a fortalecer a presença norte-americana no Oriente Médio.
Com o conflito entre Israel e Hamas, o cenário entrou em ebulição: os EUA perderam influência na região, na mesma medida que a China se tornou um pivô de defesa do cessar-fogo no confronto, aproximando-se da Arábia Saudita e outros países.
O governo da Arábia Saudita propôs aos líderes americanos, como garantia de reaproximação de Israel, o desenvolvimento de um projeto conjunto para construir um programa civil de energia nuclear no país. O projeto – chamado de “Aramco nuclear” – tem como objetivo explorar o potencial de exportação energia atômica, e é de cunho pacífico, segundo os sauditas.
As negociações, no entanto, pararam repetidamente devido à exigência do país árabe de produzir o combustível nuclear para seus reatores em solo saudita.
Agora, as movimentações para a possível expansão da planta energética do país árabe se tornaram uma dor de cabeça aos EUA, já que, com a demora dos americanos em fechar o negócio, os sauditas decidiram considerar uma proposta chinesa de construção de instalações nucleares no país.
Em entrevista cedida ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, João Nicolini, professor de relações internacionais, explorou essa delicada relação entre os EUA e a Arábia Saudita.
“Os sauditas já vinham cobrando uma maior participação dos americanos no seu processo de produção de ciência e tecnologia. É muito claro para eles [sauditas] essa ideia de se libertar do capital puramente do petróleo e tentar expandir para outros tipos de investimentos (…) O que acontece é que esse tipo de requisição, ela vai muito além do que os americanos já ofereceram para outros parceiros”, diz Nicolini.
Segundo o especialista, os sauditas “querem deter as tecnologias para enriquecimento de urânio no país”, o que afetaria a estratégia dos EUA em relação ao Irã, que tem se aproximado da Arábia Saudita em meio à guerra de Israel e o Hamas.
*Sputnik Brasil