Chanceler Mauro Vieira criticou em reunião do Conselho de Segurança sobre a guerra em Gaza os interesses autocentrados de membros permanentes.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, fez um duro discurso nesta segunda-feira (30) sobre a catástrofe humanitária na Faixa de Gaza, desencadeada, segundo ele, pelos ataques de militantes do Hamas em 7 de outubro contra israelenses. Desde então, Israel vem incessantemente bombardeando a região governada pelo movimento islâmico.
Falando durante a abertura de uma reunião emergencial do Conselho de Segurança das Nações Unidas, Vieira foi enfático ao criticar a inação do órgão dominado por Estados Unidos, China, França, Reino Unido e Rússia. O Brasil ocupa a presidência rotativa do Conselho no mês de outubro.
“Desde 7 de outubro, encontramo-nos várias vezes e levamos à consideração quatro projetos de resolução. No entanto, permanecemos em um impasse, devido a discordâncias internas, especialmente entre alguns membros permanentes, e devido ao uso persistente deste Conselho para atingir objetivos autocentrados, em vez de colocar a proteção de civis acima de tudo”, disse Vieira, lamentando a grave crise humanitária em Gaza diz o 247.
Segundo o chanceler brasileiro, “o fato de o Conselho não ser capaz de cumprir sua responsabilidade de salvaguardar a paz e segurança internacionais em razão de antigas hostilidades é moralmente inaceitável”.
Vieira também retratou o Conselho da ONU como mais um “sob os escombros de Gaza”. “A diferença é que somos nossos próprios salvadores. Só precisamos fazer o que é certo: poupar vidas inocentes do flagelo das guerras”, complementou.
Ele pediu que os membros do Conselho de Segurança sejam “minimamente equilibrados e inclusivos em nosso diagnóstico e no caminho a seguir”.
O ministro brasileiro também afirmou que cirurgias são realizadas em Gaza sem anestesia, e que mais de 3 mil crianças palestinas já tiveram suas vidas ceifadas na guerra. Também criticou a escassez de recursos humanitários.
Em referência aos ataques de Israel, ele afirmou que “o direito e o dever de proteger a população de um Estado não podem e não devem vir à custa de vidas de civis nem de destruição da infraestrutura civil”.
Vieira finalizou seu discurso defendendo um “cessar das hostilidades” para criar as condições para um “cessar-fogo total, duradouro e respeitado e para a retomada de um processo de paz credível”.