A partir da operação “Última Milha”, deflagrada pela PF (Polícia Federal), nesta sexta-feira (20), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), entra na mira das investigações do inquérito das milícias digitais onde se apura a existência de uma organização criminosa criada para tentar dar um golpe de Estado no Brasil e fazer com que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) permanecesse ilegalmente no poder, diz Juliana Dal Piva, do Uol.
A operação investiga o uso indevido de sistema de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial por servidores da Abin. Na época, Ramagem era o diretor da agência.
A coluna conversou com pessoas próximas à investigação que avaliaram que a operação é importante para concluir o mapeamento dos servidores públicos envolvidos nos ataques ao Estado. Ao mesmo tempo, a situação deve alimentar uma crise interna entre a PF, Abin e militares.
Paulo Maurício Fortunato Pinto, atual número 3 da Abin, foi afastado junto com outros quatro servidores por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que também determinou buscas, apreensões e prisões. A PF descobriu que o software teria sido utilizado contra jornalistas, políticos e adversários de Bolsonaro.
A coluna procurou Alexandre Ramagem, mas ele ainda não se manifestou.
Ramagem
Delegado da PF, Ramagem atuou na coordenação de grandes eventos no Brasil: Conferência das Nações Unidas Rio+20 (2012); Copa das Confederações (2013); Copa do Mundo (2014); e Jogos Olímpicos do Rio (2016).
A aproximação com Bolsonaro ocorreu a partir do segundo turno da eleição de 2018, quando o delegado comandou a segurança pessoal do então presidente eleito. Até o período em que se tornou coordenador da segurança do presidente, Ramagem era visto como um delegado técnico.
Em 2017, ele atuou em investigações da operação Lava Jato no Rio de Janeiro. Ramagem coordenou a operação Cadeia Velha, que prendeu a cúpula do MDB na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Foram presos, na época, os ex-deputados estaduais Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi.
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